ELEIÇÕES 2022

Após onda de ódio nas redes, Lula sai em defesa do Nordeste

Ex-presidente pede a quem tiver "uma gota de sangue nordestino" que não vote em Bolsonaro, após presidente relacionar a vitória do petista na região ao analfabetismo. Lideranças do PSD fecham apoio à campanha

Taísa Medeiros
postado em 07/10/2022 03:55
 (crédito: Nelson Almeida / AFP       )
(crédito: Nelson Almeida / AFP )

Candidato ao Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu a declaração de seu oponente, o presidente Jair Bolsonaro (PL), que relacionou o melhor desempenho do petista no primeiro turno das eleições no Nordeste ao analfabetismo na região. "Quem tiver uma gota de sangue nordestino não pode votar nesse negacionista monstro que governa este país", disparou Lula, no discursou em uma caminhada com apoiadores em São Bernardo do Campos (SP), seu berço político. Ele estava acompanhado de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e do candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad (PT).

"Ontem (quarta-feira), o meu adversário disse que eu só ganhei as eleições dele porque o povo nordestino é analfabeto. As pessoas que são analfabetas não são por sua responsabilidade. Elas ficaram analfabetas porque este país nunca teve um governo que se preocupasse com a educação", frisou. "Eles têm de saber que nós, nordestinos, ajudamos a construir cada metro de asfalto deste país. (...) Não queremos ser apenas pedreiros: queremos ser engenheiros (…). Quem tiver uma gota de sangue nordestino não pode votar nesse negacionista monstro que governa este país."

Em seguida, Lula mandou recado ao adversário. "Ele que vá pegar os votos dos milicianos. Daqueles que mataram Marielle (Franco), daqueles que são responsáveis pelas mortes de milhares de pessoas pela pandemia. Ele que vá pegar o voto da quadrilha chefiada pelo (Fabrício) Queiroz, que ele guardou até agora. Ele que vá pedir voto para aqueles que estão organizando a rachadinha dos seus filhos na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro", enfatizou.

As declarações de Bolsonaro foram dadas numa transmissão ao vivo, na quarta-feira. "Lula venceu em nove dos 10 estados com maior taxa de analfabetismo. Vocês sabem quais são os estados? No nosso Nordeste. Não é só a taxa de analfabetismo alta o mais grave nesses estados. Outros dados econômicos são inferiores nas regiões, porque esses estados no Nordeste estão há 20 anos sendo administrados pelo PT", alegou, na live.

Fake news

Em São Bernardo, Lula pediu aos apoiadores que o ajudem no combate às fake news. "Vocês sabem que o nosso adversário é especialista em mentir. São sete a oito mentiras por dia, através da fake news, através do zap. Nesses próximos 24 dias, vocês precisam ficar alerta. Vocês precisam saber distinguir o que é mentira e o que é verdade. Porque a verdade, ela normalmente engatinha, enquanto a mentira corre e voa", alertou o ex-presidente. "Eu preciso de vocês. O Haddad precisa de vocês. Vocês não são cabos eleitorais. Vocês são candidatos a governador e candidato à Presidência da República. E até o dia 30, a gente não pode descansar", salientou.

Em seu discurso, Alckmin abordou a pauta religiosa. "Coincidentemente, o destino nos trouxe aqui, nesse acender das luzes do segundo turno, aos pés da (Igreja) Matriz de São Bernardo do Campo, porque são os nossos valores de amor ao próximo, de enxergar quem sofre, a dor do nosso irmão que nos faz estar nessa caminhada", destacou. "O Brasil não quer tortura, não quer desemprego, não quer negacionismo, não quer inflação."

Apoio do PSD

Mais tarde, ao lado de parlamentares e prefeitos do PSD, Lula recebeu o apoio de parte da legenda e pediu ajuda para vencer o segundo turno das eleições. Estavam presentes nomes como o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes; os senadores Otto Alencar (BA), Carlos Fávaro (MT) e Alexandre Silveira (MG); e o deputado federal Marcelo Ramos (AM). O presidente do partido, Gilberto Kassab, não participou e já disse que a legenda manterá a neutralidade no segundo turno, mas aliados do petista o pressionam por um posicionamento.

A ocasião foi marcada pelo discurso de que a candidatura do petista representa a manutenção da democracia. "Neste instante, tem uma coisa sagrada que nós precisamos recuperar, que é uma palavra mágica chamada democracia, que é o regime mais difícil de ser exercido, porque exige a convivência com a contradição, com a contrariedade", afirmou Lula. "As pessoas acham que é possível enganar o povo a todo o tempo. Mas chega um momento em que o povo não se ilude."

Lula se referia a promessas feitas por Bolsonaro. "Nosso adversário quer dar 13º salário para o auxílio emergencial. Agora, está oferecendo até negociar a dívida dos devedores. Tudo no finzinho das eleições. É só a gente falar, que ele copia", crfiticou.

O senador Otto Alencar ressaltou a importância de defender a democracia. "Nossa posição é muito clara, sabendo que a eleição do presidente Lula vitoriosa é um resgate da cidadania, da democracia, do Estado democrático de direito e todas as condições para que o Brasil volte a ter as políticas públicas que faltaram no atual governo", frisou.

O deputado Marcelo Ramos foi na mesma linha: "O chamado que nós temos que fazer aqui é um chamado por todos que têm responsabilidade com a democracia, e esse chamado tem de chegar, inclusive, ao nosso presidente Gilberto Kassab, porque o lugar dele na história é aqui, junto conosco", pressionou. Na avaliação do parlamentar, Bolsonaro tem "incapacidade absoluta de sentir os verdadeiros problemas do povo brasileiro".

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.