Poder

Aos gritos, Bolsonaro ataca Moraes e diz que ministro cometeu "crime"

O presidente criticou decisão do ministro do STF sobre o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, além de falar em um complô entre Alckmin e o STF

Ingrid Soares
postado em 07/10/2022 19:12
Jair Bolsonaro em entrevista a jornalistas nesta sexta-feira, dia 7 de outubro, em Brasília. -  (crédito: Reprodução/Redes Sociais)
Jair Bolsonaro em entrevista a jornalistas nesta sexta-feira, dia 7 de outubro, em Brasília. - (crédito: Reprodução/Redes Sociais)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) subiu o tom e voltou a criticar o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, nesta sexta-feira (7/10), pela quebra do sigilo bancário do ajudante de ordens do chefe do Executivo, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid. Bolsonaro disse que o ministro cometeu “crime”.


“O tempo todo usando a caneta para fazer maldade, tentar me tirar de combate, para desgastar. Já desafiei o Alexandre de Moraes, que vazou a quebra de sigilo telemático do meu ajudante de ordens, que é um crime o que esse cara fez. O que esse cara fez é um crime. Esse cara fez um crime. Meu ajudante de ordens, em especial o Cid, é um cara de confiança meu”, disse. 


“Ele vê as contas particulares da primeira-dama e fala ‘ó, movimentações atípicas’. Alexandre de Moraes mostre o valor das movimentações, tenha caráter”. “Deixar bem claro Alexandre de Moraes, a minha esposa não tem escritório de advocacia, mostre a verdade. Você está ajudando a enterrar o Brasil por questão pessoal, não sei qual, mas é pessoal”, emendou, aos gritos.

Na mesma ocasião, Bolsonaro chamou Lula de "pinguço".

Em live do último dia 29, Bolsonaro atacou o ministro pedindo que o magistrado "seja homem uma vez na vida" e o chamou de "patife" e “moleque”. Algumas das mensagens trocadas levantaram suspeitas de investigadores sobre transações financeiras feitas no gabinete do presidente da República. O material indicava que algumas movimentações se destinavam a pagar contas pessoais da família presidencial e também de pessoas próximas da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.


Ainda nesta sexta-feira, Bolsonaro insinuou sobre um complô, dizendo que seria de interesse de Moraes que o ex-presidente Lula seja eleito, para tirá-lo do poder e empossar o vice da chapa, Geraldo Alckmin (PSB). “Qual o nosso futuro? Ser uma republiqueta? Não sou refém de ninguém. Por que muitos preferem o Lula, alguns do Supremo? Porque vai ser mandado, vai ter rabo preso. Quer vontade, né, de cassar o Lula assim que ele chegar para o Alckmin, amigo íntimo de Alexandre de Moraes, assumir o governo. É mentira o que eu estou falando?”.


Ele também reclamou de outra medida, na qual Moraes o multou em R$ 20 mil por propaganda antecipada em uma reunião com embaixadores estrangeiros, onde, sem provas, o presidente atacou o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas em encontro no Palácio do Alvorada, em julho."Será que é difícil enxergar? Tudo isso que eu estou lutando não é por mim, é pelo Brasil. Para mim era muito mais fácil estar do outro lado do balcão, do lado daquele cara que está no Supremo e está no TSE [Alexandre de Moraes]. Tudo canetando contra mim. Acabou de me dar uma multa de R$ 20 mil porque eu reuni embaixadores aqui", relatou.

 

Poliomielite


Bolsonaro comentou também a decisão do então presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Edson Fachin, que vetou um pronunciamento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na televisão e no rádio, com elogios à atuação da pasta no combate à pandemia da covid-19. Em agosto, o magistrado ressaltou que em meio ao período eleitoral, o princípio da impessoalidade "desautoriza a personificação de programas da administração pública federal".


Marcelo Queiroga faria um pronunciamento sobre vacinação contra a poliomielite e multivacinação de 2022. Ele planejava dizer que, "durante a pandemia de covid-19, demonstramos nossa capacidade de adquirir e vacinar, em tempo recorde, a nossa população".

Já Moraes, negou no último dia 5 um novo pedido do governo para veicular, nesta sexta-feira (7), um pronunciamento do ministro da Saúde sobre o aumento da cobertura vacinal contra a poliomielite. “De fato, mesmo que a divulgação de dados e alertas assuma inegável importância para a adequada conscientização e, consequentemente, aumento da cobertura vacinal, mostra-se plenamente viável que a população tenha acesso a tais informações por outros meios, razão pela qual, no caso, não se revela imprescindível que, para atingir a mesma finalidade pretendida, o titular da Pasta se pronuncie na rede nacional de rádio e TV, sob pena de violação ao princípio da impessoalidade, tendo em vista a indevida personificação, no período eleitoral, de ações relacionadas à administração pública”, versou um trecho da decisão.


Nesta sexta, um dia após a Secretaria de Saúde anunciar que investigava um caso da doença em uma criança de 3 anos no Pará, o presidente citou a decisão. No entanto, o caso foi descartado pelo Ministério da Saúde. “O Alexandre de Moraes, pela segunda vez, proíbe o Ministério Saúde a realizar uma campanha de vacinação de pólio. Vai ter criança, certamente que vai ser infectada e vai ter problemas pelo resto da vida por uma questão pessoal de Alexandre de Moraes. Vai começar a dizer que Bolsonaro não quer vacina”, acrescentou.


E voltou a dizer que não se vacinou contra a covid-19 por uma questão de “liberdade”. “Eu fui vacinado de tudo, menos de covid. É um direito meu. Eu entendo isso como liberdade”. “Se chegar a vacina da varíola dos macacos, você vai querer se vacinar na marra? Se inventarem outras mais e o que aparecer, você vai querer ser vacinado de modo experimental também, de novo? Liberdade, meu Deus do céu, não tem preço”, bradou.

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