ELEIÇÕES

Análise: se Bolsonaro vencer, Michelle será candidata em 2026

Michelle é jovem, bonita, fala bem, discursa melhor ainda e, de quebra, não tem as máculas do marido, afirma Ricardo Kertzman

Há algumas regras que obedeço cegamente. Uma delas é não ensinar o Pai Nosso ao vigário. Opino sobre quase tudo, mas sempre deixei claro e repito: minha opinião não pretende jamais ser a correta ou a maestra de quem, óbvia e claramente, é mais capacitado do que eu.

Mas, atenção: se um médico insiste em ivermectina como tratamento da covid, não apenas discuto como lhe enfio na fuça a prova em contrário, emitida por ninguém menos que o fabricante do próprio remédio. Ficou claro o que e como penso? Beleza.

Quem sou eu para ensinar política a… políticos? Quem sou eu para querer dar conselhos a Romeu Zema, Mateus Simões e o grupo de empresários muito mais do que bem-sucedidos que auxiliam o Partido Novo em Minas Gerais? Ainda assim, na função de palpiteiro e, principalmente, no papel de quem não apenas votou e apoiou o governador e o vice eleitos, mas que gosta e admira ambos, arrisco a lhes dizer que estão navegando em águas mais falsas que uísque paraguaio. Bolsonaro não irá apoiar Zema em 2026.

Como eu sei? Ora, juntando lé com lé, cré com cré. O amigão do Queiroz traiu absolutamente todos os seus grandes apoiadores de 2018. Mas traiu pra valer! A lista é enorme e vai desde o falecido Gustavo Bebianno até Paulo Marinho, passando pelo aloprado Weintraub, o também morto Olavo de Carvalho e outros ex-bolsonaristas ilustres como Alexandre Frota, Joice Hasselmann e Major Olimpio (mais um que partiu desta para melhor). O patriarca e seu clã das rachadinhas e das mansões não permitem intrusos.

Romeu Zema poderia — e deveria — simplesmente declarar apoio ao devoto da cloroquina e continuar batendo forte, e com razão!, no meliante de São Bernardo. Na minha opinião, e já escrevi sobre isso, não deveria jamais atrelar sua imagem de sujeito educado, honesto e muito pouco afeito a arroubos, a de Bolsonaro, capaz de dizer as piores barbaridades sobre mulheres, homossexuais, negros e opositores políticos, além de notoriamente envolvido com milicianos assassinos e negociações de imóveis pra lá de suspeitas.

O cálculo do nosso Chico Bento, dizem os próximos a ele, é ter o apoio do atual presidente em 2026, quando, legitimamente, deverá se lançar à disputa do Planalto. Porém, caso tal cenário se concretize - Bolsonaro vença -, eu duvido que honre esse compromisso e apoie Zema. Aliás, aposto que irá lançar a própria esposa, Michelle (aquela dos R$ 90 mil do Queiroz), cujo gosto pela política e desenvoltura andam cada vez maiores. E mais: será uma candidata fortíssima! Muito mais que o próprio “mito”, se querem saber.

Michelle é jovem, bonita, fala bem, discursa melhor ainda e, de quebra, não possui as máculas do marido. Não fala as atrocidades que ele fala, não atenta contra os seres humanos como ele atenta, não caminha de mãos dadas com Ciro Nogueira, Arthur Lira e Valdemar da Costa Neto. Acima de tudo: é mulher! E como tal, será uma adversária à altura de Simone Tebet, que sai muito maior do que entrou nessas eleições, e também já é candidata - principalmente se Lula vencer e emplacar o Ministério da Educação.

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