Lisboa — A demora do governo de transição para definir os nomes dos integrantes do grupo que tratará de defesa e inteligência e terá de interagir com as Forças Armadas não deve ser vista como um problema, na avaliação do presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo ele, não há receio algum em lidar com os militares, que, nos últimos quatro anos, tiveram uma relação muito próxima com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e embarcaram em algumas das aventuras antidemocráticas lideradas por ele.
“Não há receio algum. As coisas são criadas de acordo com o tempo necessário. Estou voltando para o Brasil neste sábado. A partir de segunda-feira, terça-feira, vou assumir a minha tarefa na coordenação-geral. Vou começar a montar o governo e a criar o grupo de transição”, disse. Ele ressaltou, ainda, que nunca teve problema de conviver com as Forças Armadas. “Aliás, tenho o prazer de dizer que vivi um momento excepcional com as Forças Armadas, inclusive sendo o presidente da República que mais investiu na recuperação da delas. Eu só queria lembrar isso ao povo brasileiro”, ressaltou
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De acordo com Lula, quando ele tomou posse, em janeiro de 2003, as Forças Armadas encerravam o expediente mais cedo, porque não tinham dinheiro para comprar o almoço dos soldados. “E nós não só recuperamos o poder de alimentar os solados, como defini que fosse adotado um salário mínimo para eles, pois não recebiam. Além disso, era necessário reequipar o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, o que foi feito”, frisou.
A meta de Lula, conforme interlocutores, é nomear um civil para o comando do Ministério da Defesa. Mas tudo será negociado nas próximas semanas. “Vamos ver. Eu nunca tive problemas com nenhum militar durante os meus oito anos de governo. Então, não me preocupo com o que estão falando”, afirmou o presidente eleito.
Ele destacou, ainda, que o comando das Forças Armadas, que o conhece, está muito tranquilo. “Então, no momento certo, vou indicar quem será o comandante da Marinha, quem será o comandante da Aeronáutica, quem será o comandante do Exército. E aí o Brasil vai voltar também à normalidade na relação entre as Forças Armadas e o governo”, acrescentou.
Na avaliação de Lula, não há porque se preocupar com declarações de generais como Braga Netto, que foi candidato a vice na chapa à reeleição de Jair Bolsonaro, e Villas Bôas, que têm se manifestado por meio de redes sociais em favor de manifestantes que pregam intervenção das Forças Armadas, por não concordarem com os resultados das eleições.
“Não me deixo basear por futrica. Não me levanto às 3h da manhã para ver o Twitter. Prefiro falar olhando para as pessoas, falar diante dos olhos de 215 milhões de brasileiros. Assim, podem ficar tranquilos que as Forças Armadas têm um compromisso constitucional, e eu tenho certeza de que elas cumprirão seu papel, como cumpriram durante os meus dois outros mandatos”, concluiu.
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