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Cotado para comandar Petrobras no governo Lula diz que não intervirá na empresa

Cotado para comandar estatal, Prates diz que não haverá medida interventiva na empresa. Grupo técnico defende, porém, a mudança da distribuição de dividendos

Victor Correia
postado em 25/11/2022 03:55
 (crédito: Roque de Sá/Agência Senado)
(crédito: Roque de Sá/Agência Senado)

A equipe de transição assegurou, ontem, que o futuro governo não será intervencionista em relação à Petrobras e que as mudanças ocorrerão de forma gradual, com diálogo entre os setores envolvidos. O senador Jean Paul Prates (PT-RN), um dos coordenadores do grupo de trabalho de Minas e Energia, criticou as especulações a respeito da empresa.

"Ontem (quarta), por exemplo, vi de novo essa lenga-lenga de que pessoas do governo de transição que estão falando de Petrobras são terraplanistas. Isso, especificamente, me irritou bastante, porque nós estamos tendo todo o cuidado do mundo para assegurar ao mercado que não vai haver medida interventiva, não vai haver pé na porta de ninguém", declarou Prates, cotado para assumir a estatal na nova gestão.

Desde o início da semana, houve queda de ações da Petrobras, após bancos de investimento, como UBS, Morgan Stanley, Itaú e Bradesco, apontarem incertezas sobre a forma como o governo eleito lidará com empresa. A transição sinaliza com a revisão de várias políticas essenciais da estatal, como a de preço de paridade de importação (PPI) e a distribuição de dividendos. Prates enfatizou, porém, que tudo será feito de forma gradual.

"Não estamos passando essa insegurança em momento nenhum. Passamos três semanas antes da campanha conversando com esses bancos de investimentos, um a um, com mais de 30 pessoas, tranquilizando essas pessoas", contou o parlamentar. "Quem está especulando com isso está fazendo por sua própria conta e risco. O mercado, às vezes, tem elementos que atuam desse jeito, tentam especular com declarações que a gente não deu", acrescentou.

Ainda assim, Prates deixou claro que haverá, sim, uma revisão das políticas da empresa. Uma delas é o PPI, criticado pela base do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva desde a campanha. "Quem define política de preços de qualquer coisa do país, se vai intervir ou não, se vai ser internacional ou não, é o governo. O que está errado, e nós temos que desfazer de uma vez por todas, é dizer que é a Petrobras que define a política de preços dos combustíveis. Não vai ser assim. Não pode ser assim", frisou o senador.

O novo governo, segundo ele, vai definir a política geral de preços dos combustíveis do país, se haverá colchões de amortecimento, preço de referência ou conta de estabilização. O grupo técnico também defende a mudança da distribuição de dividendos da Petrobras. Atualmente, todo o lucro da empresa é repassado aos acionistas, incluindo o governo federal. A transição argumenta que a porcentagem é alta demais em relação a outras empresas do ramo e que é preciso reservar parte dos lucros para investimentos.

Para hoje, está marcada a primeira reunião entre a equipe da transição e o presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, para tratar do fluxo de informações entre a estatal e a transição. "Tem algumas coisas que a gente quer entender como é o procedimento, se é por meio do Ministério (de Minas e Energia)", adiantou Prates sobre o encontro.

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