Novo governo

Mesmo após a posse, segurança de Lula não será feita pelo GSI

Nos bastidores, aliados de Lula têm dito que é necessário manter a segurança presidencial com a PF diante da "delicadeza" do momento

Correio Braziliense
postado em 24/12/2022 04:00
 (crédito:  Evaristo Sa/ AFP)
(crédito: Evaristo Sa/ AFP)

A segurança do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva permanecerá sob os cuidados de equipe da Polícia Federal (PF) no início do governo, em 2023, por desconfiança do PT em torno dos militares lotados no Gabinete de Segurança Institucional (GSI). A mudança no esquema da segurança, considerado por integrantes da equipe do futuro chefe do Executivo como provisório, esvazia o ministério tradicionalmente responsável pela tarefa.

Nos bastidores, aliados de Lula têm dito que é necessário manter a segurança presidencial com a PF diante da "delicadeza" do momento. Em conversas reservadas, dirigentes do PT e ministros indicados pelo partido admitem receio de que a integridade do GSI tenha sido comprometida por "ideologização", desde que o general Augusto Heleno assumiu o comando da pasta, em 2019. Ele é um dos aliados mais fiéis do presidente Jair Bolsonaro e chegou a dizer que "infelizmente" Lula não estava doente.

O futuro ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), tem tratado o tema com integrantes do GSI e com o delegado Andrei Passos, que foi responsável pela segurança de Lula na campanha e será diretor-geral da PF. A ideia é preparar uma proposta de reestruturação das atribuições do GSI e manter, no âmbito da PF, um departamento para a proteção pessoal do presidente, do vice e de suas respectivas famílias.

Costa afirmou, no início da semana, que haverá uma "estrutura de transição" da segurança de Lula até a definição do novo modelo do GSI. "Teremos uma estrutura provisória, que continuará dando segurança ao presidente até a reestruturação definitiva, que ele definirá qual é mais à frente", disse Costa, na terça-feira, ao chegar à sede do governo de transição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

Depois de concluídas as mudanças pretendidas, o gabinete poderá voltar a ficar responsável pela função. Quem assumirá o novo GSI é o general Gonçalves Dias, que cuidou da segurança de Lula nos dois primeiros mandatos.

A equipe do presidente eleito mantém diálogo com o atual GSI com vistas à segurança para a cerimônia de posse. O ministério, porém, não é o principal responsável pela missão. Passos tem mantido conversas com o governo do Distrito Federal e promete mobilizar "milhares" de militares para a solenidade de 1º de janeiro.

Lula não acredita em atos de violência durante as cerimônias em Brasília. A avaliação interna é de que o vandalismo praticado por apoiadores de Bolsonaro, em 12 de dezembro, se resumiu a um grupo restrito de radicais.

Abin

Em recente entrevista ao Estadão, o futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), disse ter "algum diálogo" com o GSI para utilizar a estrutura de monitoramento do ministério — no qual está a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) —, com o objetivo de identificar eventuais organizadores de atos antidemocráticos planejados para ocorrer no dia posse. O entorno de Lula, porém, não confia na pasta para organizar os preparativos do evento, que pode reunir até 300 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios e dezenas de líderes internacionais.

O forte esquema de segurança, a desmobilização de populares por causa das comemorações de fim de ano e os milhares de apoiadores do petista esperados na capital federal são fatores que também pesam a favor de um dia sem incidentes de segurança.

Lula, inclusive, faz questão de desfilar em carro aberto, como é tradicional na cerimônia de posse de um presidente em Brasília, e de realizar o Festival do Futuro na Esplanada, com shows de artistas que o apoiaram, como Pabllo Vittar, Martinho da Vila e Maria Rita.

Na última quarta-feira, Lula visitou a residência de veraneio da Presidência na Granja do Torto, em Brasília, que é vigiada por agentes do GSI. O petista chegou ao local acompanhado de um comboio de segurança da PF, que inclui mais de quatro carros e escolta aérea de helicóptero. Caso o presidente eleito decida morar no Torto antes de se mudar para o Palácio da Alvorada, a casa deverá ser submetida a uma varredura da PF, outra tarefa tradicionalmente submetida à segurança institucional.

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