atos golpistas

Obras destruídas no STF e Planalto foram feitas por sobreviventes do holocausto

Cadeiras destruídas por terroristas foram projetadas por sobrevivente judeu e encomendas pelo próprio Oscar Niemeyer

Mariana Albuquerque*
postado em 10/01/2023 09:36
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)

Peças que ficavam no Palácio do Planalto e no Supremo Tribunal Federal (STF) foram destruídas durante os ataques que as sedes dos Três Poderes sofreram na tarde do último domingo (8/1). Cerca de 40 obras foram estragadas ou roubadas, dentre elas as cadeiras do STF e uma escultura do Planalto que foram desenvolvidas por sobreviventes do holocausto nazista. 

As cadeiras usadas pelos ministros do Supremo foram projetadas pelo arquiteto e designer polonês Jorge Zalszupin. O sobrevivente era judeu, nascido em Varsóvia, foi para Romênia fugindo dos nazistas, este foi o país que lhe deu a possibilidade de estudar arquitetura. No pós-guerra, imigrou para o Brasil. As peças foram projetadas por Zalszupin nos anos 1960 a pedido do próprio Oscar Niemeyer.

No domingo, porém, as poltronas foram mais uma das vitimas dos vândalos que adentraram os poderes da política brasileira. Os móveis foram arrancados e jogados na rua junto do brasão que ficava exposto no plenário da Corte. 

A filha do arquiteto, Verônica Zalszupin lamentou nas redes sociais a destruição e contou que as poltronas desenhadas por ele também representavam o Brasil de Niemeyer. "Era um país que acolheu ele como imigrante com amor", escreveu.

Outra vitima do vandalismo que foi desenvolvida por um judeu sobrevivente da guerra, foi uma escultura de parede, em madeira, do polonês Frans Krajcberg, que ficava no Palácio do Planalto. Galhos de madeira que compõe a obra foram quebrados e jogados longe.

Krajcberg nasceu e cresceu na Polônia, porém durante a Segunda Guerra precisou se mudar para outra cidade mais ao sul do país, Czstochowa. Ele conseguiu refúgio na antiga União Soviética, onde estudou engenharia e artes na Universidade de Leningrado. 

Segundo o Museu do Holocausto de Curitiba, o judeu teria vindo ao Brasil procurando reconstruir a vida após perder toda a família em um campo de concentração. Algumas das obras projetas pelo artista tem um apelo ecológico junto de um ativismo, que associa arte e defesa do meio ambiente, é um exemplo da arte destruída no Palácio. 

  • Cadeira do Supremo Tribunal Federal é arrancada e jogada para fora de prédio com brasão do Brasil Reprodução
  • Designer polonês Jorge Zalszupin com cadeira arrancada do STF Reprodução
  • Rosa Weber — Em 2005, foi indicada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar a cadeira de ministra do Tribunal Superior do Trabalho. Seis anos depois, a ex-presidente Dilma Rousseff sugeriu o nome da magistrada para assumir a vaga deixada pela ministra aposentada Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal Nelson Jr./SCO/STF
  • O artista faleceu aos 96 anos em 2016 e deixou legado no ativismo ambiental Foto: Divulgação
  • 25/01/2013. Crédito: Raimundo Sampaio/Encontro/D.A Press. Brasil Brasilia. Obras de arte são catalogadas pela comissão de curadoria da Presidência da Republica. Obra Galhos e Sombras de Frans Krajcberg. Raimundo Sampaio/ENCDF/D.A Press

*Estagiária soba supervisão de Thays Martins

Cobertura do Correio Braziliense

Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!

Newsletter

Assine a newsletter do Correio Braziliense. E fique bem informado sobre as principais notícias do dia, no começo da manhã. Clique aqui.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

CONTINUE LENDO SOBRE