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Maioria dos militares exonerados pelo governo Lula tem baixa patente

Após a queda do comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda, por desgastes com Lula depois dos atos radicais do dia 8, o governo quer trocar o comando do Batalhão da Guarda Presidencial

Correio Braziliense
postado em 25/01/2023 03:55
 (crédito:  Ingrid Soares/CB/DA Press)
(crédito: Ingrid Soares/CB/DA Press)

As exonerações feitas por Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República atingiram, até agora, principalmente militares de baixa patente, sem posição na cadeia de comando da segurança institucional. Dos 157 militares dispensados pelo Palácio do Planalto, somente 21% são oficiais. Praças somam 79%.

Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mapeou o total de dispensas e exonerações de praças e oficiais das Forças Armadas, a maioria da ativa, nos primeiros 20 dias de governo. Todos desempenhavam funções no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e na Secretaria-Geral da Presidência. As substituições vão continuar nos próximos dias.

Após a queda do comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda, por desgastes com Lula depois dos atos radicais do dia 8, o governo quer trocar o comando do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP). A unidade também foi criticada pelo presidente, que cobrou onde estavam os soldados que defendem o Planalto durante a invasão dos vândalos. O comandante será substituído nos próximos dias, conforme ministros palacianos. A escolha passa pelo novo comandante do Exército, general Tomás Paiva, porque o batalhão é subordinado ao Comando Militar do Planalto.

O atual comandante da unidade, coronel Paulo Fernandes, trabalhou na reação à invasão do dia 8, mas há insatisfação no governo quanto ao desempenho dele e de seus comandados. Foi aberto um inquérito policial militar para apurar a ação do BGP na retomada do Planalto.

A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, teve papel decisivo na ordem para trocas na residência oficial, conforme assessores. Teria partido dela o pedido ao ministro Gonçalves Dias, do GSI, para substituir a equipe de militares que servia à família Bolsonaro dentro do Palácio da Alvorada, em serviços domésticos e de apoio. A assessoria de Janja não se manifestou.

Segundo um integrante da cúpula da segurança presidencial, Janja não admite conviver com quem atendia o ex-presidente. Ela tem receio até dos militares que preparam a comida no Alvorada, os taifeiros.

Os militares que trabalhavam dentro do Alvorada são ligados à Secretaria de Administração da Presidência e respondem ao ministro Márcio Macêdo. Eram 45 na Diretoria de Apoio às Residências Oficiais. O último diretor era o coronel da reserva do Exército Anderson do Nascimento Demutti. Em seu mandato, segundo integrantes do GSI, Bolsonaro foi substituindo os civis que prestavam apoio no Alvorada, como secretários, cozinheiros e garçons, por militares.

Temporários

Integrantes do GSI dizem que parte das trocas, dos cargos de patente mais baixa, faz parte de um rodízio de rotina. O procedimento comum costuma ocorrer porque os servidores militares de baixa patente, como cabos e soldados, são temporários, e o contrato é renovado anualmente.

Embora de confiança, eles estavam em posições de quarto e quinto escalões. Nas proximidades das residências, atuam como segurança patrimonial, controle de cancela, sentinelas e nas entradas do Alvorada. A ampla maioria é de praças (sargentos, cabos e soldados) das três Forças. Já os de patente mais alta saíram por decisão política.

Lula excluiu os militares do círculo mais próximo de sua segurança, o que reduziu o poder do GSI. A função agora é desempenhada por policiais federais lotados na Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata do Presidente.

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