Jornal Correio Braziliense

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Foco do Itamaraty será retomada da linha diplomática brasileira e diversidade

Primeira mulher a assumir o 2º posto mais importante do MRE, Maria Laura da Rocha anuncia o retorno à linha diplomática brasileira, mas com participação de novos atores

Protagonismo

Um ponto de destaque na solenidade de posse foi o resgate de políticas públicas e parcerias internacionais em relação à pauta da sustentabilidade e recuperação das florestas. Maria Laura destacou que o país deve voltar a investir no setor e respeitar tratados com outras nações — já alinhando o Itamaraty à transversalidade proposta pela ministra Marina Silva, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática.

"A diplomacia brasileira voltará a refletir a posição do Brasil como grande país em desenvolvimento detentor da maior floresta tropical do mundo, buscando contribuir para as metas do Acordo de Paris sobre Mudança do Clima como parte de uma estratégia de desenvolvimento que garanta renda, empregos de qualidade e melhores condições de vida para seu povo, inclusive os mais de 27 milhões de brasileiros que vivem na região amazônica", observou.

Ela destacou a própria experiência no tema e elencou outras demandas que terão atenção no MRE. "O Brasil pode e deve voltar a ser uma voz a favor de soluções negociadas, da reforma democrática de organismos internacionais, a começar pelo Conselho de Segurança da ONU, e de uma ordem internacional baseada no direito, como desde o Barão do Rio Branco tem sido parte de nossa identidade diplomática", afirmou.

A secretária-geral do Itamaraty é auxiliar direta do ministro Mauro Vieira, encarregado de conduzir a política externa a partir das instruções e diretrizes da Presidência da República. Também ficará a cargo de Maria Laura a ascendência sobre o quadro de funcionários no Brasil e no exterior.

Chanceler reforça a inclusão no MRE

O chanceler Mauro Vieira fez, na posse de Maria Laura da Rocha na Secretaria-Geral do Ministério das Relações Exteriores, uma defesa enfática da importância da inclusão social na carreira diplomática. Isso porque, de acordo com os últimos dados do MRE, de abril de 2022, o quadro de 1.540 diplomatas era formado por 356 mulheres (23%) e 1.184 homens. Como embaixadoras do Brasil, elas ocupam apenas 34 postos ao redor do mundo.

Para o ministro, é de suma importância a nomeação de mais mulheres, negros, indígenas e a população LGBTQIA na carreira. "A diversidade não pode ser entendida apenas de forma instrumental. Por um lado, é inegável que um corpo de funcionários diverso e inclusivo aumenta a excelência do trabalho diplomático, uma vez que enriquece sua capacidade de análise e de atuação, e fortalece seu vínculo com a população que representa", ressaltou.

O chanceler salientou, ainda, que a diplomacia não pode se entendida somente como o principal canal de relacionamento entre as nações. "Resta óbvio que a maior presença de colegas negras e negros, mulheres, indígenas, pessoas LGBTQIA , pessoas com deficiência e pessoas oriundas de distintas regiões do Brasil, constitui o alicerce maciço sobre o qual se assenta a própria democracia", disse.

Segundo o ministro, esse ponto deve ser considerado um "novo capítulo" das lideranças no MRE. "Mais que ponto de chegada, contudo, convido a todos a viverem esta data como um ponto de partida na construção de uma nova tradição no Itamaraty, essa bicentenária instituição na qual tradições são tão importantes: a construção de um novo capítulo na galeria de retratos de suas lideranças, na qual o conjunto do povo brasileiro possa se reconhecer cada vez mais", observou Vieira.