Jornal Correio Braziliense

Desbolsonarização

Exército antecipa saída de coronel que discutiu com PMs no Planalto

A saída de Paulo Jorge Fernandes era um dos pontos de tensão entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e as Forças Armadas

O comando do Exército antecipou a saída do tenente-coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora do comando do Batalhão da Guarda Presidencial. A troca no cargo estava prevista para fevereiro, mas o coronel deve deixar o posto na sexta-feira (27/1). Segundo membros do governo federal, o tenente-coronel Nélio Moura Bertolino será o substituto.

A saída de Paulo Jorge Fernandes era um dos pontos de tensão entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e as Forças Armadas. Durante a invasão do Planalto, nos atos terroristas de 8 de janeiro, o coronel foi filmado discutindo com policiais militares no momento da prisão de bolsonaristas. 

Além disso, o presidente Lula suspeita que membros do Batalhão da Guarda Presidencial facilitaram o acesso dos extremistas ao prédio, e chegou a declarar que "a porta do Planalto foi aberta" para os invasores.

Despolitização da Força

A antecipação da saída do coronel do comando do Batalhão foi um dos temas discutidos na primeira reunião do novo comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva, com o alto comando da Força, que ocorreu ontem (24/1).

Também foi acertado no encontro que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, não vai assumir o comando do 1º Batalhão de Ações de Comandos (BAC), em Goiânia, enquanto responder a inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Mauro Cid enviou o pedido de adiamento de sua designação ao general Tomás.

Mauro Cid e Paulo Jorge Fernandes da Hora estavam entre os principais alvos do governo federal após a troca do comando do Exército, que ocorreu no fim de semana. O ex-comandante, general Arruda, havia se recusado a barrar a designação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Ainda resta desconforto com o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, que chefia o Comando Militar do Planalto, mas ainda não há indicação, até o momento, sobre sua saída do cargo. Ele é acusado de leniência com os extremistas e de ter impedido a entrada da Polícia Militar no acampamento golpista, na noite dos ataques.

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