atos golpistas

Um mês após ataques na Esplanada, investigações de crimes ainda prosseguem

Com o objetivo de marcar a data, o Congresso programou uma cerimônia para esta quarta-feira (8/2)

Fernanda Strickland
Taísa Medeiros
Ândrea Malcher
Victor Correia
postado em 08/02/2023 03:55
 (crédito:  Marcelo Camargo/Agência Brasil)
(crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Um mês se passou desde que os golpistas vestidos de verde e amarelo atacaram o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), em manifestação contra a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A investida dos terroristas bolsonaristas provocou tamanha depredação dos prédios dos Três Poderes, que as ações de recuperação ainda estão em andamento e algumas podem ser finalizadas somente no ano que vem.

Com o objetivo de marcar a data, o Congresso programou uma cerimônia para hoje. Representantes do Legislativo participarão do evento "O caminho inverso: ato pela democracia", a partir das 14h, no Salão Negro. O local foi o primeiro a ser invadido pelos terroristas em 8 de janeiro.

O intuito é contrapor a invasão violenta com uma marcha pacífica. Participarão corais dos órgãos do Legislativo — Câmara, Senado e Tribunal de Contas da União (TCU) — que cantarão o Hino Nacional. Autoridades brasileiras e estrangeiras, como os integrantes da coalizão Capitol Strong, formada por entidades que se uniram após a invasão do Congresso dos Estados Unidos, também farão parte da manifestação.

Por fim, no gramado em frente ao Congresso a palavra democracia e a bandeira nacional serão abraçadas pelos participantes.

Desde os ataques extremistas, 1,4 mil pessoas foram presas. Parte delas está em penitenciárias, outra parte, cumpre prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica. As detenções ainda estão em andamento. Ontem, por exemplo, a Polícia Federal cumpriu a quinta fase da Operação Lesa Pátria, pela qual foram presos quatro oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal (leia reportagem na página 13).

As investigações apontam que os atos golpistas de 8 de janeiro tiveram o envolvimento de militares, foram planejados por semanas e contaram com substancial apoio de políticos e empresários. A apuração sobre os financiadores também ainda estão em andamento e ainda não foram anunciados resultados.

O plano de derrubar o governo eleito teve resultado negativo para os bolsonaristas extremistas envolvidos nos ataques. Foram detidos, logo após a baderna ou no dia seguinte, cerca de dois mil golpistas, que estavam em acampamentos montados na frente de quartéis do Exército pelo país.

Desse total, pouco mais de 500 acabaram liberados por serem idosos, doentes ou gestantes. Foram homologadas as prisões de 1.381 envolvidos. Desse número, 922 seguem presos em penitenciárias do Distrito Federal. Os demais conseguiram liberdade provisória, porque a participação deles foi considerada secundária, mas estão obrigados a usar tornozeleira eletrônica.

Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que "havia profissionais" entre os envolvidos nos ataques terroristas, que "fizeram rapel" e "sabiam a localização dos equipamentos" danificados e roubados das sedes dos Três Poderes. "Tivemos policiais militares do Distrito Federal que foram espancados, com barras de ferro, por pessoas fortes. Havia profissionais ali no meio daquela multidão. Não eram só pessoas contaminadas por fake news de WhatsApp", enfatizou.

Segundo o ministro, a participação de membros das Forças Armadas e de forças de segurança nos ataques está sendo investigada. "Essas pessoas têm que ser individualizadas para cumprirmos com o preceito cristão de separação do joio e do trigo. A imensa maioria das pessoas nas Forças Armadas e nas polícias são trigo, são pessoas sérias, com enorme respeito aos seus deveres", frisou. "Infelizmente, no meio ali havia pessoas que estavam traindo a pátria, traindo o seu juramento."

Dino acrescentou que o envolvimento de militares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é "uma hipótese de investigação muito forte" e que ainda precisa ser confirmada.

  • Obras de arte restauradas após completar um mês da invasão do Congresso Nacional. Carlos Vieira/CB/D.A.Press
  • Objetos históricos foram recuperados e estão de novo em exposição Carlos Vieira/CB/D.A.Press
  • A escultura Bailarina, de Victor Brecheret, foi remontada Carlos Vieira/CB/D.A.Press
  • Obras de arte restauradas após completar um mês da invasão do Congresso Nacional. Na foto, Gilcy Rodrigues, diretora da Coordenação de Restauro da Câmara. Carlos Vieira/CB/D.A.Press
  • Gilcy Rodrigues com a restaurada escultura Bailarina Carlos Vieira/CB/D.A.Press
  • Gilcy Rodrigues e a obra de Athos Bulcão, que voltou ao Salão Verde Carlos Vieira/CB/D.A.Press
  • Uma das cadeiras do Senado restaurada pelos técnicos Carlos Vieira/CB/D.A.Press

Bloqueio de bens

Em outro desdobramento do caso, a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu, ontem, à Justiça Federal do DF o aumento do bloqueio de bens dos presos para R$ 20,7 milhões. O montante solicitado anteriormente era de R$ 18,5 milhões e foi atualizado de acordo com novas avaliações de danos.

No pedido, a AGU argumenta que o aumento é decorrente da elevação da estimativa feita pela Câmara dos Deputados, que saiu de R$ 1,1 milhão em prejuízo para R$ 3,3 milhões. O bloqueio foi solicitado para garantir o eventual pagamento de indenizações por parte dos envolvidos nos atos terroristas.

O pedido de bloqueio atinge 42 pessoas citadas na última ação cautelar. Até agora, foram quatro processos sobre bloqueio dos bens de 176 pessoas e sete empresas acusadas de envolvimento nos ataques. O primeiro pedido foi feito em 12 de janeiro. À época, os danos ao patrimônio dos Três Poderes eram estimados em R$ 6,5 milhões, mas a AGU afirmou que a expectativa era de aumento ao longo das semanas, à medida em que o prejuízo era contabilizado.

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