O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) — que se recupera de covid-19 recluso no Palácio dos Bandeirantes —, sancionou, ontem, projeto que derruba a exigência de vacinação contra o vírus para ter acesso aos locais públicos e privados do estado. A liberação inclui escolas até mesmo de ensino infantil. A partir de agora, apenas profissionais da saúde precisam manter a vacinação em dia de forma obrigatória.
Prometida durante a campanha, a medida vai na contramão dos planos do governo federal, que vem defendendo todo o esforço para ampliar a cobertura vacinal, inclusive com a obrigatoriedade para o acesso a locais públicos e para receber benefícios federais, como o Bolsa Família. O direito ao programa social voltará a depender da imunização dos filhos dos beneficiários.
A decisão também vai contra a mobilização feita pela Prefeitura de São Paulo para atrair famílias aos postos de saúde para vacinar os filhos. Ontem, o município realizou o "Dia D" da vacinação para menores de até 5 anos.
O projeto sancionado por Freitas foi apresentado pelos deputados estaduais que compõem a bancada bolsonarista na Assembleia Legislativa.
No Twitter, o governador afirmou ser favorável à imunização, disse que tomou a vacina contra covid-19, mas se declarou um defensor da liberdade. "Vamos reforçar as campanhas de conscientização e garantir que as doses sejam disponibilizadas a todos", complementou.
A sanção foi comemorada pela secretária estadual de Políticas para Mulheres, a vereadora licenciada Sonaira Fernandes (Republicanos). Ela afirmou que a medida era uma "demanda da sociedade", que assegura o "direito de ir e vir" das pessoas no estado. Também sustentou que a cobertura vacinal em São Paulo é uma das maiores do país, mas não citou que as taxas de imunização no Brasil só têm caído.
Máscaras
Na terça-feira, Sonaira usou as redes sociais para combater o uso de máscaras contra covid-19. Quase três anos após o início da pandemia, a parlamentar, declaradamente bolsonarista, citou a "verdadeira ciência" para dizer que o incentivo à proteção não tem eficácia comprovada e, por isso, é um erro.
Entidades internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), no entanto, já atestaram a importância das máscaras inúmeras vezes desde 2020 e refizeram a recomendação em janeiro deste ano, dada a rápida disseminação da mais recente subvariante ômicron, nos Estados Unidos, e da subvariante XBB.1 5, na Europa.
Na publicação, a secretária cita o envio de ofício à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pelo presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), José Hiran da Silva Gallo, no qual são elencados dados que, segundo ele, contrariam a necessidade do uso da proteção em aviões e aeroportos, por exemplo. Essa seria, portanto, a "verdadeira ciência" mencionada por Sonaira, que tentou, como vereadora, derrubar o passaporte da vacina e dificultar a imunização em crianças e adolescentes.
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