Viagens

Passagens aéreas são caras e preços precisam baixar, diz Marcelo Freixo

De passagem pela capital portuguesa, onde participa de uma das mais importantes feiras de turismo do mundo, presidente da Embratur acredita que há um desejo grande dos viajantes de conhecer o Brasil

Vicente Nunes - Correspondente
postado em 02/03/2023 21:37 / atualizado em 02/03/2023 21:38
Presidente da Embratur, Marcelo Freixo, e embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro (E), se reúnem com representantes portugueses do turismo -  (crédito: Vicente Nunes/CB/D.A Press)
Presidente da Embratur, Marcelo Freixo, e embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro (E), se reúnem com representantes portugueses do turismo - (crédito: Vicente Nunes/CB/D.A Press)

Lisboa — O presidente da Embratur, Marcelo Freixo fez uma romaria nos últimos dois dias na Feira Internacional de Turismo de Lisboa, uma das mais importantes do mundo, em busca de parcerias, confiante de que o Brasil conseguirá reverter o baixo desempenho no setor — no máximo, o país recebe 6 milhões de visitantes estrangeiros por ano. É nada perto de nações como França e Espanha, que passam dos 50 milhões de viajantes, e mesmo de Portugal, com cerca de 27 milhões. Na terra de Cabral, por sinal, o turismo é visto como prioridade máxima, pois responde por 15% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas geradas em um ano.

Para Freixo, um dos maiores empecilhos para o incremento do turismo no Brasil é o preço das passagens áreas, que, no entender dele, precisa baixar. Na Europa, é possível viajar de um país para o outro pagando apenas 20 euros (R$ 112), ou até menos. De acordo com Freixo, será importante uma ação concreta junto às companhias, seja para aumentar a capacidade de oferta de voos, da malha, seja para uma redução de preços. “E aí cabe ao governo negociar com as empresas o valor do combustível. Tem a questão da guerra (entre Rússia e Ucrânia), tem outros elementos, mas a passagem aérea hoje, sem dúvida alguma, é um elemento que a gente precisa melhorar”, diz.

Entre os desafios que assumiu como comandante da Embratur estão, ainda, acabar com a imagem de que o Brasil é o paraíso do turismo sexual e convencer os viajantes de que o país é um lugar seguro. “A gente acabou de sair de um carnaval muito bem-sucedido, o primeiro carnaval depois da pandemia, um carnaval lotado, cheio de turistas. Tudo isso sem nenhum incidente. Cerca de 93% dos portugueses que visitam o Brasil querem voltar. Isso é um indício de que a gente está melhor do que a imagem que alguns construíram”, afirma.

Ele ressalta, também, que os turistas estão felizes por ter o Brasil de volta ao cenário internacional, com uma democracia forte e com sérios compromissos de preservação ambiental. “O Brasil volta para o mundo como país da democracia. O Brasil volta para o mundo como um lugar com respeito à questão climática e ambiental. É isso que estão querendo ouvir da gente”, enfatiza. A seguir, trechos da entrevista de Freixo ao Correio.

Como o senhor vê a posição do Brasil hoje no turismo? A percepção é de que o país está muito atrasado em relação a outras nações, como Portugal, por exemplo. Por quê?

Acho que existe um investimento de longa data no planejamento que Portugal fez, com o turismo representando 15% do PIB do país. No Brasil, essa relação é de 8%, e isso se deve, fundamentalmente, à cadeia privada do turismo, já que a gente não tem política pública há muitos anos. A própria recuperação da pandemia foi muito mais forte em vários outros lugares do que no Brasil. Agora, o país vive um novo momento. A expectativa é muito grande. O Brasil volta para o mundo como país da democracia. O Brasil volta para o mundo como um lugar com respeito à questão climática e ambiental. E é isso que estão querendo ouvir da gente. Fizemos uma reunião muito proveitosa com o setor de turismo de Portugal, com todos os responsáveis. Vamos fazer uma parceria de contribuição de dados, com ações concretas segmentadas. A gente tem muito que aprender com Portugal. Acho que essa humildade é importante. Chegamos à feira já muito mais organizados do que nos momentos anteriores e com uma boa perspectiva. A expectativa é a melhor possível para que a gente volte a crescer e rápido.

Pesquisas mostram que um dos pontos que mais afastam turistas do Brasil é a violência urbana. Como o senhor vê isso?

A gente acabou de sair de um carnaval muito bem-sucedido, o primeiro carnaval depois da pandemia, um carnaval lotado, cheio de turistas. Tudo isso sem nenhum incidente. Cerca de 93% dos portugueses que visitam o Brasil querem voltar. Isso é um indício de que a gente está melhor do que a imagem que alguns construíram.

E como desconstruir essa imagem negativa?

Acho que com uma boa promoção, com uma boa divulgação. E, insisto, a gente precisa pegar o carnaval que acabou de acontecer, sem nenhum incidente. Uma imagem muito positiva do Brasil. E não estou falando só do Rio de Janeiro. Eu mesmo estive na abertura do carnaval de Salvador e Recife. Foi muito forte, muito positivo. Então, temos condições de receber turistas, mas precisamos construir uma imagem mais verdadeira sobre o Brasil, que é um lugar seguro para o turismo.

Há, ainda, a questão do turismo sexual. Como se resolve isso?

A primeira coisa que a gente fez foi recuperar a marca Brasil com s. E não é visite e nos ame. O Brasil é um conjunto de cores, de alegria, de cultura. As pessoas procuram o Brasil por causa da cultura, da gastronomia, da natureza. E é isso que a gente quer.

Muitos turistas reclamam que é caro viajar para o Brasil. O que diz sobre isso?

Acho que existe uma questão da passagem aérea, e isso a gente realmente precisa de muita parceria com as empresas aéreas, porque as passagens estão caras. E não é só no Brasil.

Na Europa, se consegue ir de Portugal para a França por 20 euros (R$ 112), ida e volta. No Brasil, valor semelhante é impossível.

O que a gente precisa é de muita parceria com as empresas aéreas, aumentar a capacidade de oferta de voos, da malha, para que a gente possa ter uma redução de preços. E aí cabe ao governo negociar com as empresas aéreas o valor de combustível. Tem a questão da guerra, tem outros elementos, mas a passagem aérea hoje, sem dúvida alguma, é um elemento que a gente precisa melhorar.

Do ponto de vista do governo, o que efetivamente muda e o que pode ser feito para ampliar o turismo no Brasil?

O recado que a gente está dando, inclusive na BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa), é que o Brasil voltou. Acho que esse é um recado importante que as pessoas querem ouvir. O Brasil é um lugar que está oferecendo segurança. O Brasil é um país da democracia. O Brasil vai ter responsabilidade climática, tanto que criamos uma agência de sustentabilidade e ações climáticas. Tem uma gerência Embratur que cuida disso, pois há alguns países não aceitam nem começar a conversar sobre turismo se não existir um projeto de sustentabilidade bem organizado. A gente montou uma equipe técnica muito respeitada pelo mercado, que está dando resposta rápida a essas demandas. Então, a expectativa é a melhor possível.

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