Operação Sequaz

Juíza suspende sigilo de Operação da PF contra membros do PCC

Plano para atacar o senador Sergio Moro custaria R$ 3 milhões e contaria com aluguel de casas, carros e armamento pesado

Renato Souza
Ândrea Malcher
postado em 23/03/2023 17:07 / atualizado em 23/03/2023 17:08
 (crédito: Reprodução/Stephanie Rodrigues/G1)
(crédito: Reprodução/Stephanie Rodrigues/G1)

Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falar que a Operação Sequaz seria mais uma “armação” de Sergio Moro (União-PR), a juíza responsável pela ação, Gabriela Hardt, suspendeu, na tarde desta quinta-feira (23/3), o sigilo da apuração da Polícia Federal (PF).

O senador Moro estava na mira de um grupo do PCC especializado em assassinatos contra ex-faccionados e autoridades públicas. Mensagens, anotações e dados colhidos pela PF revelam o plano para atentar contra a vida do parlamentar, que custaria pelo menos R$ 3 milhões.

De acordo com as diligências da corporação, o ex-juiz estava sendo monitorado pelo departamento da facção criminosa chamado "restrito". Os criminosos que integram este setor recebem ordens diretas do comando do grupo criminoso. A tarefa é orquestrar ataques contra pessoas que abandonaram a facção e autoridades.

Durante as investigações, a Polícia Federal apreendeu um print de uma conversa de Whatsapp em que Janeferson Aparecido Mariano relata à namorada os códigos usados na ação. Moro é apelidado de "Tóquio", enquanto a palavra sequestro é substituída por "Flamengo".

Print comprova uso de codinomes para orquestrar atentados contra autoridades, entre elas o senador e x-juiz Sérgio Moro
Print comprova uso de codinomes para orquestrar atentados contra autoridades, entre elas o senador e x-juiz Sérgio Moro (foto: Reprodução/PF)

Janeferson envia os códigos à mulher e pede que ela tire print e guarde a mensagem. Em seguida, ele apaga as conversas do celular. O print foi encontrado no arquivo de um e-mail usado pela suspeita, que também foi presa.

A reportagem do Correio teve acesso as planinhas que detalham o plano de ataque ao senador. Os R$ 3 milhões seriam divididos em uso de automóveis, aluguel de imóveis, armas, pagamento de criminosos para executar a ação e equipamentos para ajudar na fuga.

Saiba quem são os suspeitos

Nos documentos liberados, constam, ainda, os alvos dos mandados de prisão cumpridos na última quarta (22) contra membros do PCC. Janeferson, vulgo Nefo, já respondeu por crimes como furto, sequestro e cárcere privado, além de ter sido um dos líderes de um motim dentro da Penitenciária Franco da Rocha, no interior paulista.

Patrick Uelinton Salomão, conhecido como Forjado, responde por organização criminosa, tráfico de drogas e associação para o tráfico, em um processo que nasceu de um inquérito do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco). Após cumprir uma pena de 15 anos e 10 meses na Penitenciária Federal de Brasília, foi solto em fevereiro de 2022. É considerado foragido.

Valter Lima Nascimento, o Guinho ou Zoinho, é apontado como número dois do maior fornecedor de drogas da facção, Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho. Segundo investigações, Valter seria a principal ponte entre o grupo e traficantes de outros países latinos.

Os outros integrantes da facção que tiveram prisões decretadas são Reginaldo Oliveira de Sousa, o Rê; Sidney Rodrigo Aparecido Piovesan, conhecido como El Sid; Claudinei Gomes Carias, o Nei; Herick da Silva Soares, o Sonata; e Franklin da Silva Correa, o Frank.

Foram pedidas, também, as prisões de Aline de Lima Paixão, principal companheira de Janeferson; Hemilly Adriane Mathias Abrantes; Cintia Aparecida Pinheiro Melesqui; Oscalina Lima Graciote, segunda companheira de Janeferson; Aline Arndt Ferri, outra companheira de Janeferson; e Ana Carolina Moreira da Silva. As mulheres eram responsáveis por controle financeiro do plano, bem como apoio logístico.

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