IBGE

"Mentes sequestradas" pelo negacionismo, diz Tebet sobre recusa em responder ao Censo

Ministra declarou que a maior dificuldade dos recenseadores em conseguir as entrevistas tem sido em bairros nobres de São Paulo

Tainá Andrade
postado em 25/03/2023 17:03 / atualizado em 25/03/2023 17:04
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A. Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A. Press)

A ministra do Planejamento e Orçamento (MPO), Simone Tebet, disse, neste sábado (25/3), que o problema de coleta de dados enfrentado pelos recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde o agosto do ano passado não tem sido a população de favela, mas sim os de bairros nobres. Segundo ela, essas pessoas tiveram suas “mentes sequestradas” pelo negacionismo.

“O problema não está na periferia, na favela e na comunidade. Eu ouso dizer que os dois dias de trabalho aqui, de acordo com o nosso presidente do IBGE, nós vamos cobrir toda Heliópolis e nós podemos ficar o mês inteiro batendo na porta de bairros nobres de São Paulo, como Jardins e Itaim Bibi e nós não vamos conseguir fechar os 100 ou 95%”, declarou no evento, em Heliópolis (SP), para lançamento do esforço concentrado para cobrir áreas que faltam coleta no Censo Demográfico de 2023.

“Lamentavelmente, quem a princípio tinha mais a obrigação de entender a importância da ciência de políticas públicas ou de evidências teve as suas mentes sequestradas pelo negacionismo. Hoje o Brasil tem que correr atrás do prejuízo. Nós negamos a vida, nós negamos até os laços de amizade por conta da polarização, nós negamos a democracia. Então, agora nós temos que recuperar”, completou.

Inicialmente os resultados do Censo estavam previstos para serem entregues em outubro de 2022, mas o prazo foi adiado ao menos três vezes. Agora, o governo federal trabalha para encerrar as apurações no final de abril e anunciar os dados preliminares no dia 2 de maio. Por isso, tem feito ações pontuais junto à populações que estão com maiores lacunas na cobertura.

Em janeiro, o instituto informou que ao menos 1,9 milhão de brasileiros disseram "não" aos agentes. São Paulo lidera, com 11,5% as taxas de habitantes que não receberam os recenseadores. Dentro das favelas essa porcentagem cresce, vai para 16,3%. Uma das dificuldades apontadas pelo IBGE, sobretudo em São Paulo, é o alto número de condomínios e prédios com portaria eletrônica, o que dificulta o contato.

Por esse motivo, Tebet imprimiu uma crítica direta ao negacionismo que prejudica a finalização de serviços do governo. A expectativa é de que em mais de cinco mil favelas, em 500 cidades, o reforço de coleta dos dados seja finalizado até o fim de março.

“[O apoio da população] Esse é o exemplo, de estarmos mostrando que as pessoas mais simples, mais humildes sabem da importância da vacina no braço, de abrir as portas pro IBGE, porque ali ela se sente acolhida de alguma forma. Ela fala: 'o estado esteve aqui na minha casa', o Estado me ouviu'. E é isso que o governo do presidente Lula está fazendo, para dizer que as coisas mudaram, a ciência passou a ser novamente valorizada. Nós não vamos aceitar o negacionismo”, afirmou.

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