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Bolsonaro sobre terras indígenas: 'Para onde irá nosso agronegócio?'

Ex-presidente criticou a demarcação de terras indígenas assinadas pelo presidente Lula na sexta-feira (28/4)

Vinícius Prates - Estado de Minas
Bruno Nogueira - Estado de Minas
postado em 01/05/2023 20:20
 (crédito: Miguel SCHINCARIOL / AFP)
(crédito: Miguel SCHINCARIOL / AFP)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou as novas demarcações de Terras Indígenas (TI) promovidas pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A fala ocorreu durante discursos para apoiadores do agronegócio durante a Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), a maior feira do setor na América Latina, nesta segunda-feira (1º/5).

Bolsonaro ressalta que a demarcação de terra ameaça a atividade ruralista. "Existem 400 pedidos de demarcações de terras indígenas e aproximadamente 3,5 mil de novas comunidades quilombolas no nosso país.

E aquele cara (Lula) disse que faz o impossível para atender a esses anseios dessas comunidades. Se 10% forem atendidos, para onde irá nosso agronegócio?", questionou o ex-presidente.

Na sexta-feira (28/4), Lula assinou a homologação de seis dos 13 territórios que estão prontos, segundo o Ministério dos Povos Indígenas (MPI). O petista também afirmou que pretende demarcar todas as terras indígena até 2026, quando concluirá seu mandato. “O que nós queremos é, ao terminar o nosso mandato, os indígenas brasileiros estarem sendo tratados com toda dignidade que todo ser humano merece", afirmou o presidente.

Bolsonaro também criticou essas homologações citando uma reserva indígena de 31 mil hectares. “Eu estava vendo agora as meias dúzias de homologações de terras indígenas pelo brasil, assinado pelo cidadão que está lá no Palácio da Presidência. Por exemplo, uma das reservas indígenas de 31 mil hectares, apenas existem lá nove indígenas; algo não está certo. Não é possível 31 mil hectares com nove pessoas", disparou.

Durante seu mandato, o ex-presidente não assinou a demarcação de nenhuma terra indígena, conforme prometeu em campanha eleitoral de 2018. Para ele, os povos originários já teriam territórios demais, o que atrapalharia a exploração agrária e mineral com fins econômicos.

Indígenas são assassinados em Roraima

No sábado (29/4), um ianomâmi morreu após ser atingido com um tiro na cabeça. Segundo Júnior Hekurari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana, os tiros foram disparados por garimpeiros ilegais que invadiram a terra indígena, em Roraima.

O homem assassinado era agente de saúde da comunidade Uxiú. Outros dois ianomâmis foram levados ao Hospital Geral de Boa Vista, em estado grave.

Neste domingo (30/4), Lula convocou uma reunião de emergência com ministros para tratar sobre o assunto. Entre os presentes estavam a ministra dos Povos Originários, Sônia Guajajara, e do Meio Ambiente, Marina Silva, que disseram que a orientação é intensificar as ações de combate ao garimpo ilegal.

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