âncora fiscal

PT negocia recursos para saúde e educação no projeto do arcabouço fiscal

A bancada do PT articula fazer sugestões ao texto para evitar que sejam propostas emendas, por parte da legenda, quando a matéria for a plenário

Taísa Medeiros
postado em 11/05/2023 03:55
 (crédito: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)
(crédito: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

Em meio às negociações sobre o novo arcabouço fiscal proposto pelo governo, o relator da matéria na Câmara, Cláudio Cajado (PP-BA), se reuniu com partidos, ontem, para alinhar o texto. O encontro foi com lideranças do PSB e do PCdoB — a agenda incluía o PSD, mas foi desmarcada devido a compromissos da legenda no Palácio do Planalto. O deputado pretende divulgar o relatório, com os ajustes sugeridos pelas bancadas, entre hoje e amanhã. A intenção é que a proposta seja votada na terça-feira, com o retorno do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), da viagem aos Estados Unidos.

Enquanto isso, a bancada do PT articula fazer sugestões ao texto para evitar que sejam propostas emendas, por parte da legenda, quando a matéria for a plenário. O líder do partido na Câmara, Zeca Dirceu (PR), chegou a dizer, ontem, que "a bancada do PT não fará emendas ao arcabouço fiscal". Contudo, parlamentares da sigla não descartam essa possibilidade. Tal movimentação desagradaria a equipe econômica. Com parlamentares destacados para análise da proposta em diversos aspectos, a base petista busca assegurar, especialmente, os recursos para saúde e educação.

"Nossas propostas, do PT, já estão sendo apresentadas diretamente ao próprio governo, assim como outros partidos que compõem a base estão apresentando ao relator e ao governo", disse a deputada Maria do Rosário (RS), segunda secretária da Câmara. "A bancada do PT vota toda com o governo. Mas tem propostas? Ah, claro que tem!", assegurou.

Nos bastidores, a bancada diz entender que a Câmara, de maneira geral, costuma adotar posições mais conservadoras na área econômica. Como estratégia, parlamentares da base vêm focando no debate dos juros. O entendimento é de que, com a redução da taxa, haverá maior lastro para ampliar investimentos públicos.

Em relação ao restante da base, o receio é de desmobilização — o que vem sendo evitado por meio de uma sequência de reuniões com o Planalto. Na noite de ontem, o PSD divulgou nota em que informa um acordo da bancada em torno das mudanças sugeridas para que o projeto do governo obtenha apoio do partido. As propostas serão focadas em três principais pontos: o não aumento de impostos, o controle de despesas e a responsabilização.

Sanções

Um dos pontos de maior debate no projeto são os chamados "gatilhos", sanções que podem ser aplicadas em caso de descumprimento da meta fiscal. A bancada petista já se posicionou contra esse trecho. "Queremos sustentar justamente a existência de serviços públicos e investimentos que fazem crescer a arrecadação. Existem diferenças com o relator, mas ele precisará ter o equilíbrio de ouvir todas as partes, já que o nosso objetivo é o processo pacificado de votação no plenário", explicou Maria do Rosário, que defende a "aplicação de metas realistas", em vez de punições. Conforme o texto previamente apresentado por Cajado, em caso de descumprimento da regra, o presidente da República precisaria apenas justificar os motivos por meio de uma carta.

Apesar da discordância dos petistas, a bancada assegura que votará com o governo mesmo que o texto final contenha a previsão de punições aos gestores públicos nesse contexto.

Na Câmara, o texto precisa do voto de 257 deputados. Se aprovado, seguirá para o Senado, onde depende da aprovação de 41 parlamentares. A matéria visa estabelecer novas regras fiscais em substituição ao teto de gastos, aprovado na gestão Michel Temer (MDB).

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.