A reunião entre líderes da América do Sul realizada nesta terça-feira (30/5) é acompanhada por manifestações de dois grupos, de venezuelanos e paraguaios, em frente ao Palácio do Itamaraty.
Cinco venezuelanos que moram no Brasil seguraram faixas contra a presença do presidente Nicolás Maduro, que foi o primeiro chefe de Estado a chegar ao país, na noite de domingo (28). Ele teve agenda ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O grupo questiona a recepção dada a Maduro e a pauta da reunião bilateral, que se concentrou na compra de energia da Venezuela pelo Brasil.
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“A presença (de Maduro) insulta a memória das vítimas que já morreram nesses anos todos por exercerem o direito de protesto, por tentarem reverter uma situação penosa no nosso país. A gente não entende como um país como o Brasil abre a porta para um ditador”, disse ao Correio Gabriela Alvarez, que mora em Brasília desde 2009. Ela reclama que, com 400 mil venezuelanos no Brasil, “ele seja recebido com honras e até seja justificada sua presença aqui”.
Segundo ela, “até a corte penal internacional conhece os fatos, a tortura sistemática dos presos políticos, repressão da liberdade de expressão na Venezuela e também o desrespeito ao nosso direito de ter eleições livres, transparentes e justas”.
Ela questiona ainda que o tema da imigração não esteve presente na agenda de Maduro e que o governo venezuelano considere vender energia quando não é autossuficiente no setor.
Construtores da Itaipu
Também se manifestaram em frente ao Itamaraty trabalhadores paraguaios que atuaram na construção da Hidrelétrica de Itaipu, e que exigem direitos que não foram pagos pelo Paraguai há 33 anos. O presidente do país, Mário Abdo Benítez, é um dos integrantes da cúpula que se reúne com Lula.
“Essa reivindicação social e laboral nós estamos levando há 33 anos. E não fomos reconhecidos até agora. Os trabalhadores brasileiros foram indenizados, receberam 22 benefícios sociais, laborais, e, no Paraguai, nenhum benefício foi pago”, contou o engenheiro ambiental Francisco Rolon, que preside a associação dos trabalhadores.
Parte do grupo realiza um protesto há 130 dias em frente à usina, e chegaram a fechar a Ponte da Amizade, que liga Foz do Iguaçu a Ciudad del Este. No ano passado, Mário Benítez vetou um projeto do Congresso paraguaio que fixava a indenização a 15 mil ex-construtores em valor equivalente a R$ 5 bilhões.
“Na luta, nós trouxemos até aqui para ver se o presidente, o companheiro Lula, nos dá uma força, tendo em vista que a identidade da empresa é binacional. Os sócios são os governos brasileiro e paraguaio”, disse Rolon.
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