Congresso

Convidada de CPI do MST diz ter se sentido "massa de manobra"

Em relato à comissão, a ex-integrante do movimento social, Nelcilene Reis, contou que dirigentes do MST exigiam dinheiro e alimento do acampamento Marias da Terra

Ândrea Malcher
postado em 30/05/2023 17:20 / atualizado em 30/05/2023 17:21
 (crédito:  Lula Marques/ Agência Brasil)
(crédito: Lula Marques/ Agência Brasil)

Nelcilene Reis afirmou, nesta terça-feira (30/5), à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura as ações do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que deixou o movimento social por se sentir “massa de manobra do MST”.

A convidada é casada com Ivan Xavier, que também foi convidado pela comissão. Eles fizeram parte do MST entre 2016 e 2019, enquanto ocupavam o Acampamento Marias da Terra, em Sobradinho.

A mulher trabalhava no único comércio do acampamento, um mercadinho que, segundo ela, tinha os ganhos repassados aos dirigentes do MST para o abastecimento dos veículos que os levavam até lá. O alimento também era dado aos dirigentes em questão.

“Eu falei que tinha um frango no freezer, aí uma moça me respondeu que eles estavam cansados de comer frango e queria carne”, contou a ex-integrante do MST. “A gente dava mas não fazia parte, só os dirigentes. Isso tudo foi culminando para que a gente não aceitasse mais”, emendou.

 

Desobediência

Nelcilene disse que, caso algum dos ocupantes se recusasse a repassar o alimento ou quantia em dinheiro, era expulso ou tinha o abrigo derrubado. “Nunca aconteceu comigo, mas eu presenciei. A pessoa estava embaixo do barraco, eles derrubavam e essa pessoa tinha que sair.”

Ela “desobedeceu” a regra de som alto em determinados horários e, assim, um relatório sobre a situação foi produzido e uma reunião foi marcada. “Eles estavam reunidos para derrubar o meu barraco. Entrei na plenária, onde fazem a reunião, e falei que queria ver quem derrubaria meu barraco”, relembrou. “Eles falaram que eu tinha que sair, porque eu tinha desrespeitado a bandeira (do MST).”

Resistindo à derrubada do barraco, Nelcilene foi avisada que muitos ônibus e pessoas estavam na frente do acampamento para executar a destruição do lar.

“Algumas líderes de outros acampamentos que eles reuniram falaram para mim que eu tinha que sair. Eu questionei uma das pessoas, Mônica o nome dela, ‘A senhora comprou a terra? A senhora é dona de alguma coisa para dizer quem tem que ficar, quem tem que sair? Porque eu posso até sair, se a senhora me mostrar que é dona da área, caso contrário a senhora é tão pleiteante de terra para plantar quanto eu’”, lembrou.

Atualmente, o acampamento Marias da Terra não tem ligação com o MST e se tornou a Associação dos Produtores Rurais. "Nós não podíamos plantar o que a gente queria, no caso. Um pé de manga, uma árvore maior, tinha que ser mandioca, alface. Não podíamos ter cerca, receber qualquer pessoa, porque tinha que passar pela portaria”, apontou.

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