O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que uma série de erros facilitaram a invasão dos golpistas e depredação das sedes dos três poderes em 8 de janeiro. Em entrevista ao programa Roda Viva, na noite desta segunda-feira (8/5), o magistrado destacou que houve excesso de proteção aos bolsonaristas acampados em frente ao Quartel General do Exército em Brasília, e disse que alguns fatos ainda precisam ser explicados à Justiça.
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“Eu acho que houve um erro que poucos censuraram e que foi estimulado pelo próprio governo (Bolsonaro) e no próprio governo Lula depois de alguma forma contemporizar que foram essas manifestações em frente aos quartéis”, destacou.
Para o decano, os extremistas deveriam ser retirados do QG, no máximo, até 1 de janeiro — data da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Nós convivemos com isso desde 1º de novembro, essas manifestações e deixamos de passar o 1 de janeiro. No dia primeiro de janeiro, com o novo governo, isso deveria ter se encerrado. O ministro da Defesa ponderou que os militares resolveriam e que havia muitos militares também ali alocados”, destacou.
“Acho que houve tolerância excessiva e não faz sentido, e isso tem que ficar muito claro na legislação, fazer manifestações em frente ao quartel", disse o ministro. “É um amontoado de erros, um festival de erros, um excesso de proteção a esses partícipes que certamente precisa ser explicado. Até mesmo para que isso não se repita”, ressaltou.
Gilmar Mendes foi convidado do programa Roda Viva, da TV Cultura. Na entrevista, também foram abordados os desdobramentos dos atos golpistas de 8 de janeiro, o futuro do STF com as eventuais indicações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e as recentes declarações do senador Sergio Moro (União-PR) — que sugeriu venda de habeas corpus por parte do integrante da Suprema Corte.