LEGISLATIVO

Lira critica fala de Rui Costa sobre Brasília e pede "comedimento" a ministros

Presidente da Câmara criticou a fala do ministro da Casa Civil que chamou Brasília de ilha das fantasias. Políticos dizem que objetivo de Rui Costa é atacar o Fundo Constitucional

Correio Braziliense
postado em 05/06/2023 15:44 / atualizado em 05/06/2023 15:44
 (crédito: Marina Ramos/Câmara dos Deputados)
(crédito: Marina Ramos/Câmara dos Deputados)

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), criticou as declarações do ministro da Casa Civil, Rui Costa, que classificou Brasília como um lugar de "ilha das fantasias" e disse que, na capital federal, havia espaço às pessoas que acreditam que fazer o errado era o certo. 

Sem citar o chefe da Casa Civil, Lira pediu "comedimento' a ministros e reforçou que declarações como as de Rui Costa "não ajudam". A opinião do presidente da Câmara foi dada nesta segunda-feira (5/6), durante entrevista à CNN Brasil. A fala de Rui Costa, criticada por Lira, ocorreu em um evento na Bahia, na sexta-feira (2/6).

"Brasília é difícil. É difícil porque lá fazer o certo, para muitos, está errado. E fazer o errado, para muitos, é que é o certo na cabeça deles", discursou, durante inauguração em Itaberaba. "Vocês podem ter certeza. Brasília não vai me mudar e eu vou lutar com todas as minhas forças para mudar Brasília e mudar aquele jeito de encarar o que é coisa pública. Eu chamo aquilo de Ilha da Fantasia", disse Rui.

Ao ponderar a existência de ministérios "estritamente pessoais" do presidente da República, entre eles Casa Civil, a Secretaria de Relações Institucionais e a Fazenda, Athur Lira disse não ser do seu interesse interferir na dinâmica do executivo. "Ninguém está querendo indicar ninguém. Ninguém está querendo escolher ninguém", reforçou Lira.

"Mas há de se ter um comedimento por parte desses ministros, principalmente com declarações. Um dos ministros da articulação fez uma declaração sobre Brasília neste final de semana que causou muito rebuliço em partidos de esquerda à direita. Essas coisas não ajudam e o governo saberá tomar um rumo, uma decisão do que tem que fazer", afirmou.

Facilitador

Na entrevista desta segunda-feira, Lira voltou a dizer que o papel do presidente da Câmara é ser um "facilitador" das matérias e disse que é preciso desmistificar que há embates entre ele e o presidente Lula (PT).

"Nosso papel é de ser um facilitador, é de desmistificar essa queda de braço constante entre Lula e Lira e Lira e Lula. Isso não existe. O governo não teve nenhum ato arredio da nossa parte de nenhum tipo de imputação de derrotas nas matérias importantes. Agora, o Congresso é um Congresso liberal, que tem pautas próprias e tem matérias que têm absoluta dificuldade em ser tratadas no plenário daquela Casa", continuou.

Antes de dar a entrevista, Lira se reuniu com o presidente Lula no Palácio do Alvorada. O encontro ocorreu após uma semana de embates entre o Planalto e o comanda da Casa Legislativa, com críticas à articulação política e pedido de uma reforma ministerial para abrir espaço para partidos de centro.

Fundo Constitucional

Políticos dos campos da situação e oposição ao presidente Lula criticaram do ministro da Casa Civil. Entre aliados, do presidente da República, a senadora Leila Barros (PDT-DF) classificou o discurso de Rui Costa como reflexo de um preconceito que muitas pessoas têm com a capital da República.

"A desigualdade social é latente na capital da República. A fala do ministro da Casa Civil é uma oportunidade para mostrarmos aos brasileiros, e, principalmente, à classe política, que o Distrito Federal não é um mundo perfeito onde tudo dá certo", observou Leila. 

Nesta declaração, ela aproveitou para defender o Fundo Constitucional. "Se com o recurso intacto temos grandes desafios, a nova base de cálculo jogará o destino dos habitantes na roleta russa", alertou a senadora.

Na oposição, o senador Izalci Lucas (PSDB) avaliou a fala do ministro como "muito infeliz" e disse que o titular da Casa Civil não conhece  "absolutamente nada" do DF.

"Somos muito mais do que a Esplanada, temos 3,1 milhões de habitantes, além de 1,5 milhão no Entorno", calculou. "Dizer que o DF é uma 'ilha da fantasia', é demonstrar não só um desrespeito sobre a capital do Brasil, mas um desconhecimento da importância da cidade para a população. A nossa vocação é ser a capital do país", completou.

O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), também protestou contra a fala de Rui Costa ao dizer que atitudes como aquela miram o fundo constitucional. "Agora sabemos de onde partiu o ataque ao Fundo Constitucional", afirmou o governador, em entrevista ao Correio

 

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