GOVERNO

Para Lula, "polêmica maluca" divide o setor agrícola; entenda

Na abertura do Bahia Farm Show, presidente afirma que agronegócio e pequeno produtor são complementares, e que cada um tem seu espaço. Anuncia, ainda, linha de crédito do BNDES, de R$ 7,6 bilhões, para alavancar o setor

Ingrid Soares
postado em 07/06/2023 03:55
 (crédito: Ricardo Stuckert/PR)
(crédito: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou, nesta terça-feira, de "polêmica maluca" o conflito entre o agronegócio e o pequeno produtor rural. Na abertura da Bahia Farm Show, a maior feira agrícola das regiões Norte e Nordeste, ele destacou que os dois setores são complementares, pois enquanto um alavanca a balança comercial brasileira, outro é o que abastece os lares pelo país.

"Outra polêmica que acho maluca é o pequeno proprietário e o agronegócio. São duas coisas totalmente necessárias para o país. Não há rivalidade, não há o preconceito do grande contra o pequeno ou do pequeno contra o grande. Os dois ajudam o Brasil", disse.

O comentário de Lula vem no momento em que a CPI do MST, na Câmara dos Deputados, tenta fazer do Movimento dos Sem-Terra uma organização à margem da lei, desconsiderando o fato de que vários assentamentos tornaram-se grande produtores de alimentos. Mas o presidente também fez um afago ao agronegócio ao anunciar uma linha de crédito de R$ 7,6 bilhões pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"Pelo amor de Deus, é preciso parar de construir rivalidade onde não existe. A gente não pode dar corda para o discurso ignorante. Por que eu poderia ser contra um produtor rural que quer terra para trabalhar? Por que eu poderia ser contra um grande produtor que está produzindo e vendendo sua soja, ou fazendo o Brasil voltar a plantar algodão, coisa que o Brasil tenha deixado de plantar?", observou.

Meio ambiente

Apesar de propor o entendimento, houve espaço para criticar o governo Bolsonaro por causa do orçamento para o Plano Safra em 2022. E defendeu que a produção agropecuária siga regras ambientais.

"As pessoas sabem que não podem destruir rios, plantar no Pantanal, na Caatinga, na Amazônia. Nenhuma pessoa honesta vai poder derrubar uma floresta para plantar, porque temos terras degradadas que podem ser utilizadas para dobrar a produção. Quem quiser agir como bandido para desmatar, vai ter que sofrer a pena da lei. A gente vai preservar esse país", afirmou.

O Bahia Farm Show é a primeira feira do setor depois do episódio em que o ministro Carlos Fávaro, da Agricultura, foi desconvidado da abertura da Agrishow, em São Paulo, no final de abril. Na data, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi chamado a participar, mas, para evitar constrangimentos, a organização do evento sugeriu que Fávaro fosse em outro dia — o que recusou.

Também nesta terça-feira, no final da tarde, Lula esteve em Goiana (PE), onde visitou a montadora Stellantis. O presidente acompanhou o início da produção do quinto modelo de veículo fabricado na fábrica, a picape Rampage, da marca Ram, que chega ao mercado em breve.


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