presente milionário

Conjunto de joias para ex-primeira-dama vale "só" R$ 5 milhões

Estojo com colar, relógio e brincos cravejados de brilhantes inicialmente foi avaliado em mais de R$ 16 milhões. Agente da Polícia Federal foi à Chopard, que produziu o conjunto, na Suíça, para trazer a avaliação correta e anexá-la ao inquérito

Raphael Felice
Mariana Albuquerque*
postado em 09/06/2023 03:55
 (crédito: Miguel Schincariol/AFP)
(crédito: Miguel Schincariol/AFP)

A Polícia Federal (PF) concluiu a perícia nas joias apreendidas pela Receita Federal, com integrantes de uma comitiva do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, em outubro de 2021, após tentativa de entrada no Brasil sem pagamento de impostos. O estojo da marca de luxo Chopard, com anel, relógio cravejado de brilhantes e brincos de diamantes — que seria um presente da monarquia saudita para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro —, foi, inicialmente, estimado em cerca de R$ 16,5 milhões. Mas avaliação da PF concluiu que custaria pouco mais de R$ 5 milhões.

O conjunto foi descoberto na mochila de Marcos Soeiro, ex-assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que tentou dar uma "carteirada" para liberar as joias. Um dos agentes responsáveis pela investigação foi enviado à sede da Chopard, na Suíça, e conversou diretamente com os artesãos responsáveis pelas joias. O laudo vai complementar o inquérito que corre sob sigilo na PF.

Soeiro tentou entrar com as joias supostamente destinadas a Michelle sem declará-las à Receita Federal. No final do governo Bolsonaro, houve uma tentativa de liberá-las sem pagar o imposto devido e, também, sem que o estojo fosse declarado patrimônio do Estado. O então ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, enviou a Guarulhos o sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva para buscar os bens. O ex-secretário da Receita Júlio César Vieira Gomes também interveio para que o conjunto fosse entregue ao enviado pelo Palácio do Planalto.

Na quarta-feira, o Correio publicou entrevista com o auditor fiscal Mário de Marco, segundo o qual a pressão realizada pelos auxiliares diretos do ex-presidente da República foi no sentido de desviar o estojo para o acervo pessoal de Bolsonaro. Segundo ele, os envolvidos não podem afirmar que agiram inadvertidamente para liberar as joias. "Estamos falando de pessoas que conheciam as leis ou deveriam conhecer", afirmou o chefe da aduana em Guarulhos.

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi


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