INVESTIGAÇÃO

Não havia interferências na PRF, alega ex-diretor Silvinei Vasques

Ao detalhar a organização para a operação realizada no dia 30 de outubro de 2022, Silvinei disse desconhecer ordens de serviço apresentadas pela relatoria

Taísa Medeiros
postado em 20/06/2023 16:58
 (crédito: Carolina Antunes/PR)
(crédito: Carolina Antunes/PR)

O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, negou, nesta terça-feira (20/6), que ocorreram interferências do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na instituição. A declaração foi dada durante seu depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos antidemocráticos do 8/1. O ex-diretor disse desconhecer as ordens de serviço dadas para a fiscalização do segundo turno das eleições.

“Eu estou afirmando para o senhor que não havia interferência na PRF, pelo menos na minha gestão. Eu nunca recebi pedido de ninguém. E, quando eu falei pra todos aqui pela manhã... Eu, assim, humildemente sou um historiador lá na PRF, eu leio, conheço a história e eu não lembro, em outro momento... Inclusive, na época da presidente Dilma, não podia ser filiado nem a partido de esquerda, não entrava”, relembrou.

Sobre o planejamento e organização para fiscalizações realizadas nas rodovias no segundo turno das eleições, em 30 de outubro de 2022, Vasques afirmou que, na verdade, eram do Ministério da Justiça — na época, comandado por Anderson Torres. Conforme Vasques, uma dezena de reuniões ocorreram para planejar as ações em todo o Brasil. “Uma, com a minha presença e a de todos os chefes de polícia, porque a operação não era da PRF; a operação era do Ministério da Justiça, sob a coordenação da Secretaria de Operações Integradas, que é a Seopi”, explicou.

A relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), questionou Vasques em relação às ordens de serviço emitidas para a operação. “Nós estamos aqui diante de um planejamento de uma operação muito grande. A definição específica dos lugares, que na praxe de operações é definida lá na ponta pelos superintendentes regionais, foi definida aqui no Comando Central. Nesse Comando Central, foi apresentado, inclusive, um rito de atuação pelo Brasil inteiro, e, nesse rito não constavam, por exemplo, outras regiões, mas apenas a Região Nordeste. Há uma clara suspeição sobre esse planejamento, que, como eu disse, consta aqui deste documento que está sob o poder da CPI”, destacou Eliziane.

Diante da alegação de que não tinha conhecimentos sobre as ordens de serviço emitidas para a operação do segundo turno da eleição, a relatora Eliziane Gama protocolou a convocação de outros integrantes da Polícia Rodoviária Federal que assinaram o documento. São eles: Djairlon Henrique Lima, Marcio Geraldo Lara Camargo Junior, Antônio Melo Júnior, Anderson Frazão Gomes Brandão e Luís Carlos Júnior.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação