REFORMA TRIBUTÁRIA

Bolsonaro chama de "comunismo" ponto da reforma também proposto por Guedes

Ex-presidente reclamou do Imposto Seletivo, que estabelece alíquotas distintas para produtos prejudiciais. Tributo foi sugerido pelo ex-ministro da Economia

Estado de Minas
postado em 24/07/2023 23:39 / atualizado em 24/07/2023 23:40
Segundo Bolsonaro, as novas regras darão poder ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para
Segundo Bolsonaro, as novas regras darão poder ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para "sobretaxar" aquilo que ele julgue necessário - (crédito: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar a reforma tributária aprovada pela Câmara dos Deputados no início deste mês de julho. Pelas redes sociais, ele afirmou que o Imposto Seletivo (IS), que define uma alíquota diferenciada para produtos que sejam prejudiciais à saúde e ao planeta, pode prejudicar o agronegócio.

Segundo Bolsonaro, as novas regras darão poder ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para "sobretaxar" aquilo que ele julgue necessário. No entanto, o imposto foi primeiramente sugerido pelo seu ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, que chamava a proposta de "imposto sobre pecados", englobando cigarros, bebidas alcoólicas e açucarados. 

"Essa sobretaxa, sem passar pelo Congresso, poderá ser tanto maior quanto assim julgar, ou necessitar, o governo. Inflação, desemprego e desabastecimento desajustariam a economia, abrindo-se as portas para o sonhado comunismo", disse o ex-presidente.

Na época, a reforma já estava tramitando na Câmara dos Deputados por meio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019, mas Bolsonaro e Guedes decidiram não embarcar na discussão. O ex-ministro justificava dizendo que reformas dependiam do momento político vivido no país.

Os detalhes como o valor das alíquotas e outros termos da reforma devem ser definidos por meio de Projeto de Lei Complementar (PLC), que precisa de aprovação de deputados e senadores. Isso ocorre porque a mudança no sistema só é feita por uma PEC, que tem um processo mais complexo e demorado para ser alterado.

Bolsonaro também pontuou a ausência de uma alíquota base ou detalhes da divisão de impostos entre o governo, estados e municípios, como termos obscuros. Ele ainda ironizou uma fala de Lula sobre a Venezuela, no qual o petista diz que o conceito de democracia é "relativo".

O ex-presidente embarcou em uma campanha contra a reforma tributária, mas acabou expondo um racha no Partido Liberal (PL), já que deputados menos radicais aderiram ao projeto. Aliados como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) também entraram em rota de colisão com o ex-presidente.