movimentos sociais

Marcha das Margaridas: de volta à Esplanada pelo diálogo

Participantes do evento retomam pauta de reivindicações, após hiato diante da pouca disposição do governo Bolsonaro em negociar. Na abertura do evento, 13 ministros prestigiaram e expectativa é de que Lula anuncie algum avanço

Aproximadamente 100 mil mulheres de diversas regiões do país estarão na Esplanada dos Ministérios, participando da 7ª Marcha das Margaridas -  (crédito: Ed Alves/D.A Press/CB)
Aproximadamente 100 mil mulheres de diversas regiões do país estarão na Esplanada dos Ministérios, participando da 7ª Marcha das Margaridas - (crédito: Ed Alves/D.A Press/CB)
Mayara Souto
postado em 16/08/2023 03:55 / atualizado em 16/08/2023 09:40

Aproximadamente 100 mil mulheres de diversas regiões do país estarão, hoje, na Esplanada dos Ministérios, participando da 7ª Marcha das Margaridas. A ideia do evento deste ano é o de retomar o diálogo sobre os direitos das mulheres do campo, interrompido durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro — na última edição, em 2019, diante da pouca disposição do então ocupante da Presidência da República, os organizadores do evento preferiram apenas divulgar as reivindicações via redes sociais e pela web.

Com a Esplanada fechada desde as 23h45 para que as manifestações possam ocorrer pacificamente, as lideranças da Marcha desta vez acreditam que haverá avanços nas conversas com os representantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sobretudo porque, ontem, na cerimônia de abertura do evento, nada menos que 13 ministros compareceram ao Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade.

"Estaremos reconstruindo o Grupo da Terra no Ministério da Saúde (voltado a elaborar política nacional para camponeses, ribeirinhos, quilombolas), também reforçamos o acolhimento na atenção primária à saúde para o enfrentamento da violência contra mulheres, crianças e adolescentes, além de reconstruir o Comitê de Plantas Medicinais e Fitoterápicos", anunciou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, às participantes da Marcha.

A Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, confirmou que o governo federal fará anúncios relacionados às pautas do evento. "Quando as mulheres marcham, não marcham só por elas. Marcham pelo Brasil, pelos filhos, pela vida, pela dignidade, cidadania e democracia", afirmou.

Já a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que foram quatro anos "sem políticas públicas para direitos humanos, povos indígenas, agricultores". Ela destacou a importância da volta de ministérios como o de Desenvolvimento Social e Desenvolvimento Agrário — que tinham sido rebaixados a secretarias na gestão de Bolsonaro.

Heroína da Pátria

O documento com as reivindicações da Marcha foi entregue ao governo federal em 21 de junho. A expectativa é que Lula faça anúncios relacionados às propostas no encerramento do evento, hoje pela manhã.

"Precisamos, mais do que nunca, valorizar os espaços de poder e decisão. Essa marcha renderá frutos históricos, capazes de transformar as vidas das mulheres", acredita Mazé Moraes, coordenadora da Marcha e secretária de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).

No final da abertura do evento, a ministra de Cultura, Margareth Menezes, anunciou que o Senado aprovou a inscrição do nome de Margarida Alves — trabalhadora rural e sindicalista, cujo nome dá origem à Marcha — no Livro dos Herois e Heroínas da Pátria. O texto, de autoria da deputada Maria do Rosário (PT-RS), teve a relatoria do senador Paulo Paim (PT-RS) e foi aprovado por 39 votos a 25. No Livro estão gravados nomes de brasileiros ilustres e que representam a diversidade social do país, como Tiradentes, Zumbi dos Palmares e Santos Dumont.

 

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