A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras rejeitou, na tarde desta quarta-feira (30/8), o requerimento 155/2023, que convocava Jair Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para prestar depoimento sobre envolvimento com esquema de criptomoedas. A rejeição ocorreu no momento em que o autor do pedido, deputado Glauber Braga (Psol-RJ), não estava na sessão, o que foi apontado por ele como "manobra" para aprovarem a rejeição sem a sustentação do pedido.
O requerimento foi o segundo a ser votado na sessão desta tarde, mas aparecia na pauta como o sexto pedido a ser apreciado. O presidente da Comissão colocou para votação a inversão da pauta, que foi aprovada e, assim, a convocação de Jair Renan passou na frente das outras solicitações. No momento da deliberação sobre o depoimento do filho do ex-presidente, Braga não estava presente no plenário e isso gerou desconforto no parlamentar.
“Meu requerimento era o sexto da lista. Estavam votando o requerimento de extrapauta e, por isso, eu fui, durante alguns minutos, ao corredor da Câmara dos Deputados, sabendo que o meu requerimento era o sexto, e, pelo que eu estou entendendo, houve uma manobra para que esse requerimento fosse colocado na frente de votação para se sustentar na minha ausência e não pudesse, inclusive, ser defendido”, apontou Braga. “Eu gostaria de entender qual é o medo dessa CPI que tem que se utilizar de uma manobra regimental, enquanto eu vou ao corredor, para colocar essa matéria em votação”, completou o deputado.
O presidente da CPI, deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), defendeu que a inversão de pauta é assegurada pelo regimento da Casa e estava prevista para ser votada. “Se o senhor saiu, o senhor tinha que estar atento que tinha um requerimento apresentado de inversão de pauta”, defendeu o parlamentar. Após o posicionamento do presidente do colegiado, Braga disse que o pedido dele foi o “primeiro a ser rejeitado” pela CPI e, com isso, uma discussão entre ele e Braga agitou os ânimos no plenário.
“A pergunta que eu faço é: há discordância dos parlamentares desta Comissão em relação ao conteúdo do requerimento? É mentira o que está expresso no requerimento? É mentira que o filho do ex-presidente da República tenha mobilizado apoiadores, ganhado dinheiro, em um esquema que tem relação direta com o objeto desta CPI e que ele tenha, depois, saído da sociedade?”, perguntou o deputado. “Os senhores querem blindar o filho do ex-presidente da República por quê?”, continuou.
O deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB), que apresentou o pedido para inversão de pauta, entrou na discussão e defendeu que o requerimento para convocação de Jair Renan tem “nítido viés ideológico”. “As investigações conduzidas pela PCDF ainda estão em fase embrionária, o que desautoriza as ilações apressadas”, disse. “O deputado Glauber Braga tem razão quando apresenta o requerimento e a CPI tem razão quando vota contra [...] No nosso entendimento, como aliados do ex-presidente Bolsonaro, somos totalmente contra. Essa convocação é apenas para querer, mais ainda, colocar o ex-presidente em evidência”, ressaltou Silva.
“Vamos apresentar outros requerimentos. Fizeram a manobra para não trazer o Jair Renan, vamos apresentar agora o requerimento para o sócio dele. Vão fazer a manobra semana que vem para que não seja o sócio dele? Vamos trazer outra pessoa”, finalizou Braga.
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