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FBI avança nas investigações sobre joias de Bolsonaro, dizem fontes da PF

Informações devem ser compartilhadas com a Polícia Federal em uma colaboração internacional. Em depoimento nesta quinta-feira, o ex-presidente e Michelle Bolsonaro ficaram em silêncio

As diligências sobre a venda de joias e movimentações da família do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados nos Estados Unidos têm avançado no Federal Bureau of Investigation (FBI). A expectativa de integrantes da Polícia Federal é de que informações importantes sobre o caso cheguem ao Brasil nas próximas semanas, após autorização do Departamento de Justiça da Casa Branca.

As autoridades norte-americanas pediram que a PF informe quais informações deseja obter com prioridade. De acordo com fontes na corporação, ouvidas pelo Correio na condição de anonimato, até o momento, nenhum documento sobre a investigação que corre em solo norte-americano chegou ao Brasil. Mas os investigadores do país se mostraram dispostos a colaborar, inclusive receber detalhes que podem colaborar com o andamento do caso por lá e repassar o que obtiveram no curso das ações, após a realização de algumas diligências.

Uma das suspeitas é de que Bolsonaro e seus aliados podem ter negociado imóveis em solo norte-americano entre o final do ano passado e o começo deste ano.

Pedido de colaboração

O FBI começou a apurar o caso após uma solicitação de colaboração da PF, realizada via Ministério da Justiça. A suspeita é de que, além de joias, ocorreram negociações ainda não explicadas envolvendo os imóveis.

As investigações em curso no Brasil apontam que parte das pedras preciosas sauditas doadas ao governo brasileiro foram objeto de uma operação para tentar burlar o Fisco.

A tentativa seria de incorporar ao patrimônio pessoal de Bolsonaro e demais envolvidos. Os objetos preciosos, repassados pelo governo da Arábia Saudita, foram apreendidos no Aeroporto de Guarulhos. Além disso, a investigação envolve outros itens de elevado valor que deviam estar no acervo do Planalto.

De acordo com a legislação, os presentes deveriam ser incorporados no acervo da União, pois entregues em agenda internacional, são de propriedade da República e não de uso pessoal.

Um dos materiais, um relógio Rolex, de elevado padrão, foi vendido nos Estados Unidos, durante viagem do ex-presidente Jair Bolsonaro. A PF identificou que o relógio foi comprado posteriormente, quando os acusados temeram que o TCU determinasse a devolução dos presentes, para que fossem guardados pela União.

Um recibo que comprova a negociação de venda e compra foi encontrado e colabora com as provas que apontam a existência do esquema. Um dos suspeitos é o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Ele está preso e prestou depoimento por mais de nove horas na sede da PF, em Brasília, nesta quinta-feira (31).