Esplanada

Após ação da PF, Lula irá manter Juscelino Filho

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva não cogita demitir ministro das Comunicações, Juscelino Filho, que aparece em investigação sobre irregularidade em emendas parlamentares; magistrado do STF nega pedido de busca e apreensão contra ele

Juscelino ao lado de Lula, durante a posse como ministro das Comunicações; filiado ao União Brasil, ele tem apoio de seu partido -  (crédito: Ricardo Stuckert/PR     )
Juscelino ao lado de Lula, durante a posse como ministro das Comunicações; filiado ao União Brasil, ele tem apoio de seu partido - (crédito: Ricardo Stuckert/PR )
Evandro Éboli
postado em 03/09/2023 04:00

Envolto em uma negociação de abertura de espaço para o Centrão na Esplanada dos Ministérios, o presidente Luiz Inácio Lula da  Silva, até o momento, tem ignorado as acusações que cercam o ministro das Comunicações, Juscelino Filho.

Não está no radar do presidente "fritar" o ministro, mesmo após a operação da Polícia Federal da última sexta-feira, que alcançou em cheio seu auxiliar. 

Juscelino teve seus bens bloqueados pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele e outros novos suspeitos. A irmã do ministro, a prefeita Luanna Resende, de Vitorino Freire (MA), foi afastada do cargo.

A investigação da PF trata de emendas do ministro, quando estava no seu mandato, na Câmara. Ele é deputado federal pelo União Brasil, reeleito pelo Maranhão. Recursos dessas emendas de Juscelino financiaram obras da empresa Contruservice, contratada pela Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), concluiu a investigação. Barroso negou pedido da PF de busca e apreensão contra o ministro.

Este não é o primeiro episódio negativo que o ministro protagoniza no governo. Ele já foi alvo da acusação de usar avião da FAB para compromissos particulares em São Paulo, onde participou de um leilão de cavalo. Lula o segurou no cargo, após pressão do Centrão e de seu partido. O presidente não o conhecia até anunciá-lo como ministro das Comunicações, ainda na transição, no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), no fim de dezembro, e precisou ler seu nome num papel. 

Lula está decidido a não demitir Juscelino, o que não significa que não esteja acompanhando o caso. O ministro da Justiça, Flávio Dino, tem abastecido o presidente com informações sobre a investigação.

Negociações com Centrão

O presidente está preocupado neste momento em fechar a costura que vai levar representantes do Republicanos e do PP para seu ministério. Os nomes já foram até anunciados pelo ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, e os contemplados com as pastas são os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE). Falta definir que áreas assumirão. 

Outro fator que irá manter Juscelino no cargo, por enquanto, é a intrincada relação de Lula com o líder do União, o deputado Elmar Nascimento (BA), que já deu declarações de não ter como ser da base do governo e que deputado quer mesmo é emenda liberada.

Nas votações na Câmara, o Palácio do Planalto tem conquistado, a muito custo, o apoio do União e não quer problemas com Elmar, que é muito ligado a Arthur Lira (PP-AL). 

Apoio do partido

Após a operação da PF, o líder do União divulgou nota em apoio a Juscelino, o que soou como um recado ao Planalto para não mexerem com seu aliado no ministério. Elmar afirmou que o ministro tem sido "alvo de ataques" desde que assumiu o cargo no governo. 

"Temos uma investigação ainda em fase de inquérito, com denúncias e indícios que ainda não foram devidamente apurados e cuja falta de evidências serviram de embasamento para que se negasse, por exemplo, mandados de busca contra a pessoa do ministro Juscelino", afirma Elmar Nascimento na nota. 

Para o parlamentar, com a repercussão da operação da PF nas redes e a divulgação nos jornais e TVs se cria uma "atmosfera de acusação pública". E, diz ele, depois de constatada a improcedência da investigação, a "verdade é negligenciada". 

"Quando as investigações subsequentes não encontram evidências de crime, má-fé ou corrupção, a divulgação da verdade é negligenciada ou minimizada" , completou. Por seus advogados, o ministro negou as acusações.

 

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