A Câmara Municipal de São Paulo cassou, ontem, o mandato do vereador Camilo Cristófaro (Avante) por racismo. Foram 47 votos pela perda do mandato e cinco abstenções. O ex-parlamentar é o primeiro político a ser excluído do Legislativo paulistano pelos próprios pares em 24 anos, além de ser o primeiro a perder a cadeira por discriminação pela cor da pele no município.
Cristófaro é acusado de quebra de decoro parlamentar no episódio em que teve um áudio vazado no Plenário da Casa. Na ocasião, em maio de 2022, ele disse que "não lavar a calçada... é coisa de preto, né?" A fala do ex-vereador foi captada pelo sistema de som da Casa. Em julho do mesmo ano, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) o denunciou pelo crime de racismo.
Depois que o caso veio à tona, Cristófaro se defendeu e disse que foi uma "brincadeira com um amigo" e que não é racista. Na sessão de ontem, ele reiterou o que dissera em sua defesa. "Nunca fui chamado de racista por qualquer canto que ando nesta cidade. O negro não é bobo, não. Ele sabe quem trabalha. Aqui ninguém está me julgando. Aqui, estão me executando", acusou.
Para a aprovação da cassação, eram necessários 37 votos a favor — ao todo, a Câmara Municipal tem 55 vereadores. Apenas Cristófaro, Ely Teruel (Podemos) e Luana Alves (do PSol, autora da denúncia) não votaram. Cinco parlamentares se abstiveram. Não houve votos a favor do ex-parlamentar.
Antes do julgamento, houve protesto nos arredores da Câmara pela cassação de Cristófaro. Manifestantes gritavam "fora Camilo, fora racista". As pessoas também levaram bandeiras com frases contra o racismo.
Nos bastidores, a cassação era dada como certa, pois contava com um apoio do presidente da Câmara, Milton Leite (União), que alegou ser da parte ofendida pela declaração de Cristófaro. Outro agravante é o histórico de polêmicas do vereador cassado — de agressões e suspeita de corrupção.
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