Golpe de Estado

Almirante citado por Cid questionou urna eletrônica e defendeu auditoria

Ex-comandante da Marinha, Almir Garnier afirmou, durante discussão do voto impresso, que nenhum sistema "é imune a sabotagens e a falhas"

O almirante Almir Garnier foi citado pelo tenente-coronel Mauro Cid, em sua delação à Polícia Federal, como um apoiador de um possível golpe no país. -  (crédito: AFP/SERGIO LIMA)
O almirante Almir Garnier foi citado pelo tenente-coronel Mauro Cid, em sua delação à Polícia Federal, como um apoiador de um possível golpe no país. - (crédito: AFP/SERGIO LIMA)
postado em 21/09/2023 15:44 / atualizado em 21/09/2023 15:45

Citado pelo tenente-coronel Mauro Cid, em delação à Polícia Federal, como um apoiador de um possível golpe no país, o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha no governo de Jair Bolsonaro, questionou algumas vezes a transparência do processo eleitoral e defendeu auditoria para evitar possíveis alterações no resultado. A referência ao militar feita por Cid na delação foi revelada pelo jornal O Globo.

Em julho de 2022, quando o Congresso Nacional discutia a implementação do voto impresso nas urnas, Garnier, na ativa e no comando da Força, declarou, após uma cerimônia em Fortaleza (CE), que os brasileiros precisavam certeza dos votos que registrariam nas urnas.

"Como comandante da Marinha, eu quero que os brasileiros tenham certeza de que o voto deles vai valer, de que quem eles colocarem na urna vai ser contado e quem eles escolherem de uma forma limpa, transparente, como demanda a Constituição, serão validados. Então mais transparência, quanto mais auditoria melhor para o Brasil", declarou Garnier à época, em entrevista ao jornal O Povo.

Dias depois, em 6 de julho, numa audiência pública na Câmara, Garnier foi questionado pelo então deputado Marcelo Calero (PSD-RJ) sobre essa declaração. Para o parlamentar, a fala do almirante era "bastante perigosa e perturbadora" do ponto de vista institucional. Com a palavra, o militar reafirmou suas declarações e ainda acrescentou que nenhum sistema é imune a falhas e sabotagens, se referindo às urnas.

"Eu sou brasileiro, tenho direito a ter opinião. Ninguém vai dizer que eu não tenho direito a ter opinião", disse o militar. E seguiu: "É assim, como disse o nosso ministro, em qualquer sistema digital. Não é característica de um ou outro sistema digital ser imune a falhas, a sabotagens, a erros. Nada disso está garantido por decreto. Tudo isso tem que ser comprovado".

PSol quer explicações do militar

O PSol quer ouvir o almirante Garnier em audiência pública na Câmara, para que ele explique essa citação a seu nome feita por Mauro Cid de que teria aderido a um plano de tentativa de golpe e que impedisse a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Os deputados federais do partido Fernanda Melchionna (RS) e Glauber Braga (RJ) protocolaram nesta quinta requerimento de convite para que o ex-comandante da Marinha compareça à Comissão de Relações Exteriores.

"Só a presença de uma comandante das Forças Armadas em uma reunião onde seja debatida intervenção militar já é gravíssima, quanto mais se colocar à disposição para concretizá-la. Golpe de Estado é crime", disse Melchionna.

"O que o ex-comandante da Marinha Almir Garnier tem a declarar sobre a informação de que Mauro Cid teria dito que ele embarcou com tudo na consulta golpista de Bolsonaro? Não podemos aceitar ‘passada de pano’ para peixe grande. Quem participou da trama golpista tem que ser responsabilizado", disse Braga.

O Correio não conseguiu contato com o militar e segue aberto para sua manifestação.

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