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Após eleição Milei, Lula comenta: "América do Sul vive algumas confusões"

Petista diz que a região não é mais a mesma e que enfrentará problemas políticos. Sem citar o nome do argentino Milei, enfatiza não precisar ser amigo de presidente

Lula:
Lula: "Em vez de reclamar dos problemas políticos, temos de tentar resolvê-los, tentar fazer com que as pessoas aprendam a conviver democraticamente" - (crédito: José Cruz/Agência Brasil)
postado em 22/11/2023 03:55

Dois dias depois da vitória de Javier Milei nas eleições argentinas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse não ter de gostar "do presidente do Chile, da Argentina, da Venezuela". A declaração ocorreu no evento de formatura no Instituto Rio Branco.

O petista defendeu diálogo e acordos com os líderes mundiais, afirmando que a América do Sul está "vivendo algumas confusões" e que provavelmente enfrentará problemas políticos.

"Estamos vivendo algumas confusões na América do Sul. Não é mais a mesma de 2002, de 2004, 2006. Vamos ter problemas políticos", frisou. "E, em vez de reclamar dos problemas políticos, temos de ser inteligentes e tentar resolvê-los, tentar conversar. Tentar fazer com que as pessoas aprendam a conviver democraticamente na adversidade."

Lula não mencionou o nome de Milei, mas citou o país como exemplo, entre outros. "Não tenho de gostar do presidente do Chile, da Argentina, da Venezuela. Ele não tem de ser meu amigo. Tem de ser presidente do país dele, eu tenho de ser presidente do meu país. Temos de ter política de Estado brasileira, e ele, do Estado dele", ressaltou. "Temos de sentar à mesa, cada um defendendo os seus interesses. Como não pode ter supremacia de um sobre o outro, a gente tem de chegar a um acordo. Essa é a arte da democracia. E aí é preciso ter capacidade de negociação, de convencimento, de ceder", emendou.

O presidente comparou a democracia a um matrimônio. "Nada é mais parecido com a democracia que um casamento, porque, quando você casa e tem filhos, todo dia, faz concessão. Se não for assim, acaba o casamento e acaba uma coisa grandiosa chamada diplomacia brasileira, que, quer queira ou não, é uma das mais respeitadas e elogiadas no mundo inteiro. Se tem uma coisa que temos que ter orgulho é da diplomacia brasileira", destacou.

Segundo Lula, o Itamaraty precisa receber orientação de que qualquer autoridade, independentemente da nacionalidade e do viés político, será atendida pela diplomacia brasileira.

"O Itamaraty tem que atender sem saber quem é, se ele gosta do governo, se não gosta, se gosta do Lula, se não gosta. Até porque, ninguém está obrigado a gostar de ninguém. Estamos obrigados a conviver de forma civilizada, democrática e respeitosa."

União Europeia

O chefe do Executivo reafirmou que pretende concluir as negociações para o acordo Mercosul e União Europeia até 7 de dezembro, quando chega ao fim a presidência rotativa do Brasil no bloco. A posse de Milei está marcada para o dia 10.

De acordo com Lula, durante a COP28, pode ocorrer uma reunião para definir o acordo."Ontem (segunda-feira), liguei para a Úrsula von der Leyen, que é a presidente da Comissão Europeia, para dizer que estou querendo negociar o Mercosul ainda na minha presidência e gostaria que a gente conseguisse fazer o acordo", contou. "Ela ficou de tentar, quem sabe lá na COP28, fazer uma reunião comigo e apresentar a resposta definitiva deles sobre as nossas demandas", relatou.

 

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