Fitness & nutrição

Treino com eletroestimulação: choques leves para hipertrofia

O uso de eletroestimulação tem sido uma saída para quem busca fortalecer a musculatura de forma rápida e sem passar muito tempo na academia

Renata Rusky
postado em 06/08/2020 18:56 / atualizado em 09/08/2020 18:46
 (crédito: Divulgação Tecfit)
(crédito: Divulgação Tecfit)

Desde o início do ano, a médica Fiorella Menegatti, 37 anos, incluiu na rotina idas à academia. Mas a profissão e o filho pequeno impediam que dedicasse muito tempo à atividade. Além disso, ela admite que nunca gostou de musculação. É do tipo de pessoa que gosta de aeróbicos, em especial, de correr. Mas sabia que precisava fortalecer a musculatura.

Agradou-lhe, então, a ideia de um exercício físico que lhe traria bons resultados com apenas 20 minutos, duas vezes na semana, como uma vizinha havia comentado. “Para mim, quanto menos tempo na academia, melhor”, comenta. Tal treino, tão rápido, é feito com eletroestimulação. E Fiorella sentiu a diferença no corpo: “No meu caso, eu percebi uma tonicidade muito maior”.

Antes de começar a atividade, é necessário colocar uma roupa de lycra e, então, um colete com eletrodos que é conectado à máquina. Aí, sim, começam os exercícios. “A musculação comum trabalha com músculos isolados do corpo. Já com a eletroestimulação, mais de 300 músculos são envolvido. É feita a contração da musculatura involuntariamente”, explica o professor de educação física Gustavo Duarte, da academia Tecfit.

Ele detalha que são feitos movimentos mais funcionais. Sem halteres, barras e pesos em geral. Apenas elásticos e bolas. O que não significa que fique mais fácil. O treinamento é de alta intensidade. Por isso mesmo, são apenas 20 minutos. Depois de alguns meses só correndo na rua, sem musculação, por conta do fechamento das academias, Fiorella ficou dolorida ao voltar a treinar, mas já se adaptou. Para ela, a atividade é mais dinâmica do que o uso de máquinas para ganhar força.

A duração mais curta do treino, a presença de um professor ao lado e os bons resultados fazem com que Gustavo recomende a eletroestimulação especialmente para pessoas que perderam massa muscular por conta de alguma patologia — inclusive covid-19 — ou que querem sair do sedentarismo. Por segurança, é feita uma avaliação antes.

O professor de educação física Jonas Bazanini explica que, na estimulação elétrica, ativa-se as fibras musculares de contração rápida, enquanto na contração convencional por atividade física, ocorre a ativação das fibras de contração lenta. “Teoricamente, é uma vantagem da estimulação elétrica, pois as fibras de contração rápida são principais estimuladoras para a hipertrofia muscular”, afirma. A outra vantagem é que a ativação da fadiga do sistema nervoso central é evitada por maior tempo. Com isso, é possível executar maior número de repetições com maior carga, o que leva à utilização de uma maior massa muscular.

Polêmica

A eletroestimulação já era usada há mais tempo em clínicas de fisioterapia e de estética. Nos dois casos, a aplicação costuma ser localizada. Na fisioterapia, o objetivo é a recuperação e a reabilitação muscular. Já nas clínicas de estéticas, o estímulo elétrico é usado para produzir a contração muscular e melhorar a tonicidade e a flacidez.

Segundo o fisioterapeuta Andrei Pernambuco, doutor em biologia celular, ainda são escassos e contraditórios os estudos na literatura sobre os reais benefícios das correntes elétricas sobre os músculos, mas, de acordo com pesquisas, inclusive uma feita por ele, a eletroestimulação sozinha não proporcionaria hipertrofia muscular, mas, associada à atividade física, incrementaria, sim, o ganho de força e em menor tempo do que o exercício físico tradicional.

Andrei, no entanto, deixa claro que há pesquisas que contestam o que ele diz. “As divergências ocorrem, principalmente, pela não padronização da metodologia dos estudos, pelos diferentes aparelhos eletroestimuladores utilizados ou, ainda, pela incoerência na seleção dos parâmetros da corrente”, afirma.

Sérgio Andrade, fisioterapeuta especializado em traumatologia e presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do Distrito Federal e de Goiás, afirma que a eletroterapia já é consagrada na fisioterapia, tanto para analgesia quanto para treinamento de hipertrofia. “Temos diversos artigos que comprovam a eficácia dela, como coadjuvante, seja para reabilitação do músculo por lesão neurológica, seja por desuso — depois de um paciente ficar muito tempo acamado”, explica.

Ele, no entanto, orienta que o profissional seja qualificado, pois, existem contraindicações, principalmente para pacientes com marca-passo, hipersensibilidade ou hipossensibilidade ou muito novos. “O uso por outros profissionais de saúde é livre, recomendamos o fisioterapeuta, mas, independentemente, é preciso certificar-se de que o especialista foi habilitado”, reforça.


Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação