Especial

Mais juntos do que nunca

Neste Dia dos Pais, veja como alguns estão aproveitando para ficar ainda mais próximos dos filhos

Renata Rusky
postado em 06/08/2020 19:01
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

O vínculo entre mãe e filho começa a ser construído quando ela descobre que está grávida. “Os pais, então, têm que correr atrás depois do nascimento”, brinca a psicóloga clínica Sheila Carvalho. Segundo ela, os pais podem ser participativos durante a gestação e conectarem-se com o bebê desde a barriga (cantando, conversando), mas é fora dela que essa ligação se aprofunda.

E, se a pandemia do novo coronavírus e o isolamento social, têm sido uma fase azeda na vida, há quem faça, do limão, uma limonada. Muitos pais aproveitaram para viver uma paternidade ainda mais próxima dos filhos: com mais tempo de qualidade e com uma relação ainda mais estreita. Puderam ensinar algo diferente aos filhos, realizar desejos antigos deles e, agora, veem que tiraram muita coisa positiva de um momento tão duro.

Para Sheila, tal atitude diante da pandemia, demonstra resiliência e faz com que o momento seja muito menos traumático para as crianças e, também, para as famílias como um todo. “Os pais darem o exemplo de como se adaptar a uma situação ruim é um grande aprendizado para as crianças, que percebem que nem tudo é perfeito, nem tudo é péssimo também”, explica.

No mais, as crianças só têm a ganhar com a proximidade do pai. Para a doutora em psicologia Karin Grossman, o carinho e o suporte dos pais dão aos filhos autoconfiança e podem garantir relações mais saudáveis na vida adulta. “As experiências das crianças pequenas com pais e mães presentes, sensíveis, receptivas e solidárias iniciam um caminho de desenvolvimento psicossocial positivo para a criança”, afirma.


Vínculo com o pai e com a natureza

Autônomo, já fazia algum tempo que o personal fight Lucas Costa, 34 anos, não conseguia tirar férias. E quando podia, eram, no máximo, cinco dias, para viajar. Diante da pandemia, quando as academias fecharam, percebeu que era o momento de, também, parar de dar aulas. “Vi que a coisa era séria”, relembra.

A situação fez com que ele e a ex-mulher decidissem que o melhor para os dois filhos, Lorenzo, 4 anos, e Logan, 1, seria ficarem na chácara onde o pai mora. Além de ser em um local mais isolado, com menos risco de contaminação, ainda teria mais distrações para eles, já que, no prédio dela, os parquinhos foram fechados. Para evitar a saudade da mãe e a sobrecarga do pai, fizeram um esquema de ela ir até as crianças quase todo dia.

Lucas estava apreensivo, preocupava-se com a questão financeira. Mas conviver tanto tempo com os filhos ajudou a amenizar a angústia. “Desde que me mudei aqui para a chácara, quando ainda estava casado, nunca consegui aproveitar tão bem com eles. Estava sempre trabalhando, e trabalhando muito”, conta. Lorenzo e Logan curtiam os atrativos do campo, mas com a babá, com quem passavam o dia para os pais trabalharem.

Diversão e responsabilidade

“Foi como ter umas férias com eles”, resume Lucas. Os três andaram a cavalo, fizeram uma horta, e, todo dia, davam comida aos animais: cavalo, cachorro, jumento e burro. “Eu fui criado em chácara, em fazenda, então, isso influencia muito minha relação com a natureza, e eu quero que eles também tenham isso”, afirma o pai.

Tanto Lorenzo quanto Logan adoram os animais. O irmão mais velho é o dono da égua e faz questão que ela também saia no jornal. Quando estava na chácara, tinha responsabilidades: regar a horta e tudo que plantou, além de soltar e prender os cães. Já o irmão mais novo é fã do jumento, e o amor ali é recíproco.

Por mais que sempre tenha sido um pai presente e que procurasse fazer diversas atividades com os filhos, Lucas admite que o período de isolamento foi completamente diferente. “A gente trabalha demais, aí chega cansado, vai fazer uma atividade com ele, mas não é a mesma coisa”, explica.

O momento foi tão gostoso e transformador para o pai, que, mesmo tendo voltado a trabalhar, ele pretende diminuir um pouco o ritmo. “Se eu posso chegar mais cedo, vou chegar mais cedo. A gente tem de valorizar, largar o celular e ter tempo de qualidade”, recomenda.


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