Crônica da Revista

Egotrip em proporções pandêmicas!

Maria Paula
postado em 15/08/2020 17:32
 (crédito: x)
(crédito: x)

A falência mais preocupante é a do alargamento dos horizontes. Pessoas que se contentam em viver e atuar em posições extremas raramente conseguem ter uma visão que não seja estreita.

Fecham-se em suas bolhas e reforçam padrões indefinidamente à medida que repelem qualquer ideia diferente das suas próprias. Tenho visto esse fato lastimável acontecer tanto com pessoas de direita quanto de esquerda, uma pena.

A tal da lacração está afetando o destino do nosso país. Provocar reações intensas pode ter consequências indesejadas a longo prazo, apesar de aumentar a quantidade de likes. Tenho visto nas redes sociais pessoas postando suas opiniões como se fossem verdades incontestáveis, o que me faz sentir calafrios de preocupação.

De repente, todo mundo virou especialista em alguma coisa. Imagino que seja pela vontade de ter sucesso nas redes com o intuito de monetizar (outra novidade dos tempos virtuais) de alguma forma ou, simplesmente, conseguir atenção...

O fato é que as pessoas começaram dando receitas para perder peso rapidamente com dietas, mesmo sem serem nutricionistas; formas para combater depressão, mesmo sem formação em psicologia; programas de malhação sem conhecimento algum sobre anatomia, e saem por aí preconizando práticas de forma absolutamente irresponsável. Quando começam as dores na coluna, os surtos e os problemas gástricos não há o que fazer ou a quem recorrer.

Os disparates chegam a um nível, que parece conversa de maluco. Outro dia, ouvi uma moça extremamente raivosa desqualificar a decisão de um ministro do Supremo. Ao perguntar a ela, cheia de admiração, em que universidade ela tinha completado seu curso de direito, ouvi estarrecida a resposta: Não, não sou advogada... E, no entanto, colocava-se com enorme convicção e total desrespeito.

Muita gente agindo de forma leviana de um lado e de outro, tamanha credulidade por motivos que vão desde despreparo, imaturidade, ingenuidade até preguiça de cultivar um pensamento crítico ou o pior de todos eles: a soberba. Traduzindo, aquele que se acha! Os imaturos falam muito e bem alto... os maduros ficam em silêncio.

Que novas ondas de lucidez possam fazer desabar a arrogância, a ganância e as atitudes equivocadas que circulam por aí.

 

 

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