Que o estômago e o intestinos têm diversos microrganismos que ajudam na função digestiva, não é novidade. O que muitos não sabem é que a pele também é um microbioma — habitat de bactérias, fungos e até de vírus, que vivem dentro dela e também na superfície. A esses seres vivos é dado o nome de microbiota. Ela é essencial para a proteção do maior órgão do corpo humano.
“É importante ter um microbioma equilibrado para ter uma pele saudável. O desequilíbrio provoca uma propensão maior a doenças”, explica a dermatologista Graziela Alencar, do Centro de Estética HOB. Entre os problemas de saúde causados e agravados por uma pele em desequilíbrio estão eczema, infecções, dermatite, acne, rosácea, dermatite atópica e psoríase.
Pesquisa recente da empresa francesa La Roche-Posay mostrou que o eczema está associado a uma redução muito grande na diversidade bacteriana, com até 30% do ecossistema ocupado por apenas uma bactéria, a Staphylococcus aureus. Esse desequilíbrio é responsável por uma pele seca, além de coceira e crises recorrentes de eczema.
É importante, portanto, cuidar do microbioma da pele. De acordo com o dermatologista Abdo Salomão, doutor pela Universidade de São Paulo (USP) e professor universitário, algumas das formas de mantê-lo em equilíbrio seria não tomar muitos banhos ao dia, sempre rápido e com água morna, sabonete neutro e sem esponjas.
Além disso, deve-se fazer o uso consciente de produtos muito básicos ou muito ácidos para tratar a pele. “É preciso manter o pH da pele, então, peeling, por exemplo, é, no máximo, uma vez por semana”, especifica. O médico esclarece que nenhuma pele é igual a outra, portanto, cosméticos que funcionam em uma pessoa podem não servir para outra.
Uma alimentação saudável, também, interfere no bioma da pele. “Tem de ter muita fruta e verdura. Sabemos que, quando há muito colesterol e triglicérides, o sangue acaba circulando muito mal na superfície da pele”, explica Salomão. O tabagismo, segundo ele, é outro vilão dos microrganismos da pele, já que a fumaça os mata.
A dermatologista Graziela alerta para outra medida importante, em especial nesta época de seca: hidratação. “Mesmo quem tem pele oleosa precisa hidratar e deve usar sabonetes e cremes específicos”, indica. Segundo ela, a pele ressecada é um dos principais sinais de um microbioma desequilibrado.
Probióticos
Nos últimos anos, a indústria farmacêutica passou a produzir cosméticos com ativos vindos de microrganismos para passar na pele. Hoje, há, ainda, produtos para consumir via oral, que prometem modular o microbioma da pele. Segundo Graziela, eles estimulariam a proliferação dos microrganismos do bem e evitam os que fazem mal. Mas a eficácia não é um consenso.
De acordo com Salomão, muitos estudos clínicos ainda precisam ser feitos. “In vitro, os estudos são positivos. Há um apelo muito grande sobre isso, mas a nossa pele já tem o microbioma dela, são bactérias que surgem naturalmente. É difícil implantar”, justifica.
2 milhões de micróbios podem ser encontrados em uma área da pele do tamanho de um centavo na testa de uma pessoa.
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