“Todo mundo acha que sabe a história de Catarina (de Aragão, princesa espanhola que se tornou rainha da Inglaterra) pelo casamento (conturbado) com Henrique VIII. Ela é mais do que lembramos. Esteve em batalhas, acreditava que deveria proteger Londres. Foi uma ótima amiga. Nós queríamos desafiar as pessoas que acham que sabem quem ela era e apresentar essa mulher como ela foi, com essa jornada.” Esse foi o objetivo de Emma Frost, uma das showrunners e produtora executiva ao lado de Matthew Graham, ao criar a série limitada The Spanish Princess.
A produção faz parte de uma franquia televisiva inspirada na série de livros de Philippa Gregory. A saga teve início em 2013 com a minissérie The White Queen, que acompanha três mulheres, Elizabeth Woodville, Margaret Beaufort e Anne Neville, na luta pelo poder inglês durante a Guerra das Rosas. Em 2017, a trama continuou a partir da minissérie The White Princess que mostrava o reinado de Henrique VII e Elizabeth de York. Até chegar à terceira narrativa da saga: The Spanish Princess, que teve a primeira parte lançada em 2019, e mostra a chegada da princesa espanhola Catarina de Aragão ao trono da Inglaterra.
Diferentemente das outras duas minisséries, The Spanish Princess foi pensada num formato em duas partes. A primeira é composta por oito episódios, assim como a segunda, que estreia em 11 de outubro no serviço de streaming Starzplay. Na primeira parte, o espectador acompanha Catarina (Charlotte Hope) viajando para encontrar o prometido marido Arthur (Angus Imrie), o Príncipe de Gales e herdeiro aparente de Henrique VII da Inglaterra.
A sequência mostra os desdobramentos do novo casamento de Catarina após a repentina morte de Arthur. Para manter a paz entre Espanha e Inglaterra, o acordo entre as famílias continua, mas, agora, a partir de um novo matrimônio: a união de Catarina com o príncipe Henry (Ruairi O’Connor), que logo se transforma no rei Henrique VIII, segundo monarca inglês da Casa de Tudor no trono da Inglaterra e fundador da Igreja Anglicana.
Força feminina
Cada parte da narrativa da série representa simbologias diferentes para a história da protagonista. “Na primeira parte, vemos Catarina querendo casar, querendo poder, querendo ser a rainha da Inglaterra e, por acaso, ela estava apaixonada. Na segunda parte, há um lado mais trágico e dramático. Ela quer ser uma rainha e uma esposa forte. Abordamos mais esse relacionamento e esse pensamento da Catarina de que está sendo punida porque mentiu sobre a consumação do casamento. É uma narrativa mais sombria e complexa”, explica Matthew Graham.
O que a intérprete da personagem concorda e diz que, inclusive, a fez mudar o modo de preparação. Na primeira parte, ela inspirou-se na história dos livros. Para a sequência, entrou em contato com um lado mais moderno e contemporâneo. “Quando contamos histórias de reis e rainhas, há um escapismo causado pelo figurino, cenário e locações. Mas essa é uma história sobre uma mulher que perde um filho atrás do outro. É uma narrativa sobre perda e dor”, analisa Charlotte.
A protagonista de The Spanish Princess destaca o pioneirismo de Catarina, que, nos anos 1500, estava envolvida com a política e com as batalhas que envolviam o poder do reinado inglês, o que costumava ficar a cargo apenas dos reis. “Ela estava mais envolvida na política do que ele, isso a empoderou e também foi uma quebra no casamento dela e de Henry. Porque ele era o real líder. Eles passaram a se sentir num casamento desigual”, avalia a atriz.
História dos negros
Além de dar voz ao ponto de vista feminino, The Spanish Princess aproveita para narrar a presença negra na história, normalmente invisibilizada. E faz isso por meio de Lina de Cardonnes (Stephanie Levi-John), dama de companhia de Catarina. “Como nas duas primeiras minisséries falamos sobre as mulheres, pensamos que podíamos trazer para a terceira produção mais representatividade. Quando descobrimos que a história de Catarina envolvia personagens negros, pensamos que era a oportunidade de atingir esse equilíbrio”, avalia Emma Frost.
A personagem ganha bastante tempo de tela e tem toda uma narrativa própria no seriado. Na sequência, o foco é no relacionamento com Oviedo (Aaron Cobham), com quem cria uma família e vive a ameaça do racismo e da xenofobia. “É muito importante (essa representação), porque é a verdade. Sempre houve negros em Londres, mas foram ignorados na história. Achamos que era uma ótima oportunidade de contar essa história e numa narrativa de amor feliz, sendo um contraponto a Catarina e Henry”, explica Matthew.
“Sou obcecada pela relação de Catarina e Lina. Acho muito fascinante que Emma e Matthew tenham escrito essa personagem. Elas se gostam muito, apesar de terem uma relação complicada. As relações das mulheres sempre são definidas como melhores amigas ou inimigas. Fico feliz que a relação das duas tenha de tudo. É difícil para Catarina ver que Lina está feliz, grávida. Ela sente inveja. Mas elas têm uma relação muito poderosa”, defende Charlotte Hope.
Segunda parte da série limitada traz o reinado de Henrique VIII ao lado da primeira esposa, Catarina de Aragão
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