Ter um cabelo lindo desde a infância está diretamente relacionado aos cuidados com os fios e aos produtos usados. A especificação para bebês e crianças deve ser levada em conta, pois a composição varia em relação à suavidade e a elementos que causam menos irritação. Não existe uma frequência certa para lavar os fios. A dermatologista Nayane Braga Aidar explica que a higienização, no caso dos bebês, pode ser feita duas vezes na semana, mas se for uma criança que transpira muito, pode ser todo dia — desde que aplicados produtos adequados para a idade dela.
A médica explica que as doenças mais comuns no couro cabeludo das crianças são piolho e fungos — estes, na maioria das vezes, surgem devido ao hábito de os pais de prenderem muito o cabelo dos filhos. As crianças que têm cabelo afro sofrem especialmente com essa situação. Segundo Nayane, os pais decidem não alisar o cabelo dos filhos, mas prendem o tempo todo, isso resulta na chamada alopecia de tração. “Se o fio estiver sempre úmido quando for preso, pode desenvolver fungo e, consequentemente, provocar queda na região.”
A dica de Nayane para pentear o cabelo dos pequenos sem crise é nunca começar de cima pra baixo. O ideal é desembaraçar as pontinhas e ir subindo. “Se os fios estiverem molhados, é importante pesar menos a mão, pois as chances de quebra são maiores”, detalha. O uso da chapinha não é recomendado, já que o cabelo dos pequenos é mais fino. “O secador pode ser usado eventualmente, e a distância, até para evitar que a criança durma com o cabelo molhado.”
Para a dermatologista, os cuidados começam ainda na infância, com a valorização do cabelo que a criança tem. Alisamentos e relaxamentos devem ser evitados, pois os produtos utilizados são tóxicos e podem provocar, inclusive, crises asmáticas e reativação de outras doenças respiratórias. “Tenho uma enteada e ensinamos para ela que não é necessariamente o cabelo liso que precisa ser bonito. Nós a chamamos de cachinhos de mel, e ela acha o máximo.”
O primeiro corte
A idade certa para cortar o cabelo varia. O ideal é esperar pelo menos três meses, já que, geralmente, é nessa fase que os bebês conseguem manter a cabeça erguida. Uma forma de verificar se está na hora é observar se os fios estão caindo no olhinho do bebê ou embaraçando.
O corte de cabelo das crianças menores pode ser um momento de tensão para os dois lados, portanto, transformar a ida ao salão em um momento lúdico pode ser a solução. Os profissionais do Cabelo Club contam que é importante interagir com elas, explicando que o procedimento não dói. O importante é deixá-las o mais confortável possível. É muito comum que os cabeleireiros tenham que subir no brinquedão, substituto da tradicional cadeira em alguns salões infantis, para fazer o corte ou até mesmo ir até a piscina de bolinhas.
Como esse momento é único, alguns salões disponibilizam o serviço próprio de registro do primeiro corte. No caso do Cabelo Club, é oferecido um certificado com a primeira mecha do bebê ou uma fotografia.
Mechas coloridas
Influenciada por artistas e blogueiras, como Billie Eilish, BTS e Lisandra Barcelos, a garotada tem colorido os fios. Apesar da tendência, a colorista Cleini Cruz explica que é preciso ter cautela para manter a saúde dos cabelos e das crianças. “Não recomendo que os pais pintem os cabelos das crianças, pois são mais delicados e frágeis, além da possibilidade de desenvolver reações alérgicas, já que ainda está se formando a imunidade no organismo.”
Para Cleini, é fundamental que esse tipo de procedimento seja feito por um profissional, pois os tutoriais disponíveis na internet, geralmente, são feitos por pessoas amadoras, que arriscam e às vezes pode dar certo, outras vezes, não. “Cada cabelo tem uma textura e uma densidade, portanto o que é feito em um pode ser um resultado negativo em outro quando feito em casa, além dos produtos usados não serem profissionais”, diz.
O recomendado para pintar o cabelo das crianças são os produtos superficiais, como sprays de cores fantasias que saem com lavagem. Tinturas para adultos podem provocar o rompimento da fibra, causando corte químico e a quebra do fio.
Se o cabelo for cacheado ou crespo, é preciso cuidado redobrado. Cleini explica que esse tipo é mais frágil porque, comparado aos outros fios, tem camadas de cutículas mais finas e pouca porcentagem de proteína. “As técnicas e produtos usados nos afros são mais específicos e suaves para evitar que esse fio se danifique e perca a forma natural. Um bom profissional, especializado em cabelos naturais, faz toda a diferença na hora da aplicação de coloração”, completa.
Cacheados e crespos
Ao contrário do senso comum, o afro das crianças não é um problema. Muito pelo contrário: ao cuidar do cabelo dos pequenos em casa, os pais os incentivam e, quando ficarem mais velhos, eles vão arrumar os fios dos filhos. É uma forma de resgate cultural.
Queren Hapuque, trancista e uma das proprietárias do salão Nega do Pixain, explica que as crianças com cabelo afro, muitas vezes, sentem-se excluídas pelo fato de, socialmente, o liso ser a referência de “cabelo arrumado”. “É legal incluir isso no perfil social das crianças negras: estou arrumado sempre’ e ‘sempre estou diferente’. É uma forma muito legal de ser inserido na sociedade, ao contrário do que acontecia com as crianças de antigamente, que sofriam muito preconceito pela falta de produtos e de pais instruídos devidamente para cuidar do cabelo delas.”
A trancista explica que penteados muito demorados ou que demandam muita fibra e extensão podem pesar na cabeça da criança. Ela também não recomenda materiais como lã e lastex, pois podem danificar o fio. O ideal é usar jumbão, um tipo de fibra apropriada para fazer tranças, que é mais leve. Além disso, outros materiais podem provocar coceira. Os penteados mais pedidos pelas crianças que vão ao salão são as boxeadoras e o coquinho de princesa, igual o da princesa Tiana, da Disney. Elas também pedem o duo puff, que é um coquinho de cada lado da cabeça.
Produtos próprios para cabelos afros são os mais recomendados. Além dos cremes tradicionais, hoje existe uma maior variedade de linhas exclusivas para esse fio, como as pomadas modeladoras que, segundo Queren, são aliadas para diminuir o frizz em qualquer tipo de penteado. A dica da trancista para que os pais consigam arrumar os cabelos das crianças em casa é assistir aos tutoriais no YouTube. “Não é difícil. E, com a prática pode ser um trabalho muito bem-feito e a criança fica muito feliz, com a autoestima lá em cima e pronta para ir a qualquer lugar.”
* Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
Faça em casa
Trança cascata
Penteado puro charme para cabelos lisos e ondulados.
* Com os cabelos lavados e totalmente secos, inicie separando uma mecha grossa na parte lateral da cabeça.
* Inicie a trança com uma mecha lateral.
* Ao fazer o primeiro gominho, deixe a mecha central solta.
* Em seguida, faça um novo gominho usando apenas duas mechas.
* Pegue uma nova mecha do topo da cabeça e, com a mecha central, passe-a por dentro de dois gomos.
* Repita o procedimento (trança de dois gomos com uma mecha dentro) até conquistar o resultado desejado. Prenda com um acessório de sua preferência.
Afro puff
Penteado de princesa para destacar os fios cacheados e crespos.
* Lave os cabelos e finalize-os como de costume.
* Com os fios secos, direcione-os para o topo da cabeça.
* Prenda os fios de forma “frouxa” com um elástico para dar vida ao afro puff;
* Adicione um acessório fofo de sua preferência.
Fonte: Salon Line, marca de cosméticos
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