Fitness & nutrição

Treino seguro

Médicos norte-americanos classificam o tênis como o esporte que deixa os praticantes menos expostos ao novo coronavírus. Além disso, é uma atividade completa e que leva autoconfiança aos alunos

Renata Rusky
postado em 15/10/2020 17:47
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press                            )
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press )

Médicos especialistas em saúde pública, epidemiologia e infectologia da Associação Médica do Texas produziram uma tabela, que se tornou viral, sobre atividades que expõem a risco baixo, baixo moderado, moderado, moderado alto e alto de contrair o novo coronavírus, levando em consideração cuidados como o uso de máscara. Entre os critérios avaliados estava se as atividades seriam realizadas em área interna ou externa; a proximidade de outras pessoas; o tempo de exposição ao vírus; e a probabilidade de manter as práticas de prevenção.

De acordo com o estudo, o tênis foi considerado o esporte mais seguro de se praticar durante a pandemia, com baixo risco de contaminação — nota dois de 10. Enquanto isso, ir à academia de ginástica foi apresentada com risco alto (nove). Já nadar em piscina pública foi classificada como moderado (seis) e caminhar, correr e andar de bicicleta, como baixo moderado (três).

Um dos fatores que preservam os jogadores com as raquetes é a distância entres eles. Segundo a professora de educação física Vanuza Magalhães Campos, distância mínima entre os jogadores é de três a quatro metros. “Isso se for jogado com duas duplas. No jogo, o afastamento é de cerca de 23 metros entre os adversários, então, ainda é possível jogar somente um de cada lado”, explica a profissional, que dá aula de tênis há 26 anos. Vanuza garante, porém, que não se trata de um esporte estritamente individual como muitos acham. “Trabalhamos muito a socialização.”

O professor de educação física Luiz Augusto Ramalho concorda e já fez trabalhos para incluir o esporte nas escolas. Segundo ele, o tênis envolve coordenação visiomotora, para acompanhar o voo da bola e rebatê-la, e temporal e espacial, para ocupar de maneira eficiente o espaço da quadra. “Além das habilidades básicas, como correr, andar em todas as direções, para frente, para trás, lateralmente, saltar, e as especificas da modalidade, como adaptação à raquete”, completa. Tudo isso faz com que se trate de um exercício físico completo.

Vanuza ressalta que é possível, inclusive, emagrecer com a prátia. “Trabalha muito o aeróbico, muita explosão, que são os tiros na corrida”, explica. Quanto à questão de se trabalhar apenas um braço, a professora explica que já foi comprovado que, quando se passa muitas horas jogando, é comum evoluir mais de um lado. No entanto, tal problema é mais comum para atletas de alto rendimento, que, então, devem complementar com outras atividades, como pilates e musculação.

Para todas as idades

A professora tem alunos de 3 a 85 anos, o que mostra que o esporte é bom para todas as idades. Com uma base boa dos movimentos a serem feitos com a raquete, com conhecimento da técnica, ela garante que é, ainda, gratificante. Pedro dos Santos, 8, começou a praticar tênis quando tinha apenas 4 anos. Ele frequentava o parque onde Vanuza dá aulas e ficava observando. “Ele gostava de buscar as bolas que caíam fora da quadra”, relembra a mãe do garoto, Fernanda dos Santos, 45, professora de ioga.

A criança gostava de jogar bola antes mesmo de começar a andar, então sempre teve uma boa coordenação. Mas, para Fernanda, a postura dele, depois de aprender a usar a raquete, melhorou muito. “Sem falar na consciência corporal, a noção de espaço, para saber se movimentar na quadra”, ressalta.

Como as aulas não se limitavam à bolinha e à raquete, mas abrangem atividades lúdicas e outros exercícios físicos, Pedro acabou se aventurando em outros movimentos. “A professora o colocava para pular corda, que era algo que ele tinha medo. Então, a parte motora dele foi evoluindo bastante”, conta a mãe.

Um dos principais benefícios, porém, para Fernanda, foi o desenvolvimento emocional. Ela acredita que o tênis trouxe autoconfiança para o filho, além de disciplina. “De uma forma muito didática, ela ia ensinando a respeitar a fila, a vez do outro”, cita. E, aos poucos, ele vai ficando menos frustrado quando perde. A mãe já o viu bem zangado na quadra por ter perdido, mas também, em outros momentos, ele consolar o amigo: ‘É assim, um dia a gente ganha, outro a gente perde’.”


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