Comportamento

Profissão beauty

Com o mercado de beleza em ascensão, investir no setor pode ser promissor. Conheça histórias inspiradoras de maquiadoras e saiba detalhes sobre o ramo

Tayanne Silva*
postado em 22/10/2020 17:53
 (crédito: instagram/Reprodução)
(crédito: instagram/Reprodução)

O brasileiro é um povo vaidoso por natureza. Não à toa, estudo da Euromonitor, empresa internacional de pesquisa de mercado, estima que até 2021 o número de salões de beleza formais no país deve crescer 4,5%. Isso basicamente significa que as oportunidades de emprego para cabeleireiros, barbeiros, manicures, depiladoras, maquiadores, entre outros profissionais da área, serão grande.

Em expansão, o mercado de beleza do Brasil fica atrás apenas do dos Estados Unidos, do Japão e da China. Está previsto um crescimento para o segmento de estética de 14% este ano. Cansada de os profissionais errarem o tom da base na sua pele, Micheline Ramalho, 35 anos, decidiu se dedicar a esse ramo. “Estava tão exausta de ficar com a pele cinza. Também queria transmitir meu conhecimento sobre a maquiagem de pele negra. Então, fiz vários cursos e usei as redes sociais para informar os seguidores”, conta ela, que atua há mais de oito anos na área.

Micheline explica que procurou se destacar no assunto. “Fiz várias capacitações, dou curso no Caravana da Juventude Negra do Distrito Federal e ensino sobre o tema no meu ateliê. Dou sugestões de produtos e quais são os melhores para usar na pele negra”, diz a maquiadora e influencer digital.

O reconhecimento veio por meio do blog, que Micheline mantém desde 2013, ao vencer o Prêmio EBSA Worlds, na categoria melhor blog com dicas de maquiagem de pele negra, em 2016. Ela também é a única brasiliense do reality show Make me Boti, de O Boticário, transmitido pelo canal Desejos de Make, no YouTube, desde 21 de agosto.

O programa é gravado a distância e cada participante faz desafios relacionados à maquiagem em casa. Mas quem decide o ganhador é o público, votando pelo Instagram da marca e escolhendo a melhor produção. O vencedor ganhará R$ 10 mil.

Michele tem mais de 25 mil seguidores no Instagram (@michelineramalho). Para ela, as redes sociais e a maquiagem foram essenciais no processo de superação de um câncer de colo de útero, diagnosticado em 2017, em estado avançado. “Eu comecei por conta própria a me maquiar e, depois, fiz cursos básicos, principalmente, para enfrentar o tratamento da melhor forma possível e com a autoestima elevada.” Antes de entrar no ramo, ela era servidora pública. Hoje, a renda vem exclusivamente da beleza.

Para algumas pessoas, trabalhar no ramo de beleza significa valorizar o que já é bonito. Esse é o caso da profissional Dheise Oliveira, que atua na área há nove anos. “Acredito no poder de transformação da maquiagem, não no sentido literal, claro, pois ela tem a capacidade de mudar nossas vidas. Já o rosto precisa ser valorizado e não modificado”, afirma Dheise, 30 anos, makeup artist e especialista em maquiagem social e editorial.

Para ela, isso gera uma força muito grande nas pessoas, independentemente de gêneros. “Sinto que me supero e destravo minhas amarras a cada dia, inspirando outras pessoas a se libertarem também.”

A maquiadora sempre gostou de arte e criatividade, mas precisou passar quatro anos numa faculdade de engenharia para entender que trabalhar com o que ama, às vezes, é um privilégio. “Na época, meu pai influenciou muito nas minhas escolhas”, diz. “Só pude realmente me dedicar à profissão de maquiadora aos 22 anos, isso depois de bater muito de frente com ele. Tive oportunidades que nunca imaginei — como hoje, ao trabalhar numa empresa internacional de educação para profissionais de beleza, o app Stylez”, diz, orgulhosa.

Ela explica que tudo se iniciou quando criou um Instagram pessoal para divulgar o trabalho. “Senti a necessidade de ter um perfil que fosse para portfólio (@dheisemakeup), que abordasse cursos e produções, miniaulas, makes de noivas, trabalhos editoriais, etc.”, lembra. Já o outro perfil (@dheiseoliveira) é como um moodboard, em que dá dicas de cuidados com a pele, com os cabelos, penteados práticos para o dia a dia, moda e estilo. “É uma inspiração tanto para mim quanto para as clientes.”

A dica que ela dá para se dar bem nesse ramo é entender que você é uma empresa e precisa se tratar como tal. “A maioria das queixas das alunas do meu curso para maquiadores iniciantes é relacionada à negociação de valores, saber quanto vale seu trabalho e se o cliente valorizará da mesma forma. Isso é, talvez, um dos maiores pesadelos dos prestadores de serviço.”

Por meio de experiências positivas e negativas, ao longo do tempo, ela desenvolveu formas de lidar com esse tipo de problema. Contudo, segundo a influencer, ainda há um certo preconceito antiquado e patriarcal contra a profissão. “No início, senti dentro da minha própria família, mas acredito que você pode ser bem-sucedido em qualquer profissão que ame de verdade.”

A maquiadora observa que o preconceito, muitas vezes, acontece porque as pessoas não têm conhecimento do quanto a indústria da beleza é rentável, principalmente no Brasil, que está entre os países que mais consomem beleza no mundo. “Um bom maquiador pode ganhar o mesmo que um engenheiro, por exemplo, ou até mais. Muita gente não sabe disso.”

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte


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Ordene os produtos pelo prazo de validade e identifique os que devem ser usados primeiro. Assim, você evita desperdícios.

Fontes: Dheise Oliveira, makeup artist e especialista em maquiagem social e editorial e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)

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