A proximidade do verão vai deixando tudo mais colorido: as peças de roupas, as bijuterias, as bolsas, os acessórios em geral. E também os cabelos. Cresce a quantidade de pessoas que estão descolorindo as madeixas — no entanto, não para ficarem loiras, como de praxe, mas para, por cima, passar tintas com as chamadas cores fantasia: rosa, verde, azul, amarelo, roxo, vermelho. Todas com uma diversidade de tons quase infinita.
Para a cabeleireira Bianca Amafer, a pandemia, ao lado da variedade de cores, é responsável por essa tendência. Em casa, as pessoas estão mais à vontade para mudar. “Com o home office, elas estão mais livres, não precisam tanto usar a imagem para provarem a competência delas no trabalho”, afirma. A visagista e colorista Caíssa Frota ainda observa que muita gente está aproveitando para dar um tempo aos fios e deixá-los naturais.
As profissionais contam quem têm clientes de todas as idades. “Não é algo infantil ou de adolescente. As possibilidades são tantas que dá para fazer em pessoas mais velhas. Tem o acobreado rosé, o moreno iluminado rosé”, detalha Bianca. Caíssa, no entanto, admite que é bem mais raro pessoas pintando os cabelos com cores coloridas a partir do 45 anos. “Acho que ficam achando que não têm mais idade para mudar assim”, lamenta.
Com as crianças, a visagista explica que é preciso ser mais cauteloso, mas não é um impeditivo. “Primeiro, não devemos encostar o descolorante na pele, porque tem amônia. Segundo, temos de tomar cuidado com os vapores e com o cheiro”, explica. A alternativa mais comum, segundo ela, é fazer só uma ou duas mechas. Os pequenos já ficam contentes e correm menos risco.
Foi assim, aos 12 anos, que Mayara Maia, estudante de biologia, começou a colocar cores fantasia nos cabelos. A mãe só deixou uma mecha: vermelha. Aos 17 anos, descoloriu inteiro e pintou de azul, pela primeira vez. “Minha mãe dizia que era uma fase, mas eu acho que não. Continuo me vendo pintar o cabelo, mudando a cor, o corte em qualquer idade. Eu não gosto de ficar sempre do mesmo jeito, é questão de gosto”, conta.
Ela nunca foi dessas que choram por cada centímetro cortado. Caso não gostasse do resultado, paciência. E até fazia experimentos pouco promissores, como cortar sozinha. “Eu cortava em casa, com minhas amigas. Ia ao salão, ficava torto ou curto, não ligava, porque crescia”, relembra.
No início deste ano, Mayara, hoje com 23 anos, estava com mechas laterais. Mas, há três meses, ela repetiu a experiência dos 17 anos e descoloriu inteiro. Chegou até a ir a um casamento com as madeixas rosas e azuis. Presas em uma trança, o efeito ficou incrível. Mas não veio de graça: “Os fios ficaram bem mais ressecados por causa do descolorante, embaraça mais fácil.” Para minimizar os problemas, a estudante segue o cronograma capilar.
Cabelos descoloridos
A visagista Caíssa deixa claro que a atenção aos cabelos coloridos é por eles terem sido descoloridos previamente e não por conta da tinta com cor fantasia. “É o mesmo processo de alguém que adotou o loiro platinado. É um cabelo danificado. Descoloração é um dano, mas aí a gente tenta minimizar e reverter, cuidando bem. Se você tem um machucado no joelho, não vai usar calça jeans ou passar esponja”, compara.
O cronograma capilar, feito por Mayara, é algo que a profissional recomenda aos clientes de forma geral. “O hábito mais importante é cuidar do cabelo sempre. Se você quer ser uma pessoa saudável, não adianta comer uma salada uma vez por mês, tem de ser regularmente. É a mesma coisa.”
Ao descolorir o cabelo, Bianca afirma que se faz um compromisso. “Fazemos teste de mecha para ver a resistência do fio, usamos uma oxidação baixa, entregamos o melhor cabelo possível, mas isso é só 50% do processo. Eu oriento sobre como fazer em casa”, afirma. Cuidando, ela garante que é possível, sim, ter um cabelo descolorido — e pintado por cima, ou não — comprido, saudável e bonito.
Desbotamento
A perda gradativa da cor é uma questão inerente a quem usa cores fantasias. Mas Bianca explica que, quanto mais vibrante e com mais pigmento for o tom escolhido, mais vai demorar. “Tons pastéis sairão mais rápido”, afirma. Mas ela alerta que algumas cores também desbotam de uma forma mais bonita: “O rosa, por exemplo, volta para o loiro. Já o azul desbota, mas não fica loiro. Daí, a única solução é cortar os fios.”
Caíssa explica que o ideal, em todo caso, é que não se lave o cabelo todo dia — isso evita o desbotamento rápido. Além do cronograma capilar, ela orienta usar produtos liberados para low-poo ou no-poo, sem parabenos e outras substâncias nocivas. “Usamos xampu abrasivo porque colocamos no cabelo componentes que não são biodegradáveis. Os compostos não biodegradáveis fazem mal para o cabelo, para o meio ambiente e exigem o uso de um xampu abrasivo, que faz mal para o fio e vai desbotar a cor”, explica.
Experiência pessoal
A visagista Caíssa tem seis anos de carreira, mas conta que pinta o próprio cabelo de colorido desde os 11 anos. Com toda essa trajetória, avalia a evolução das linhas de tintas coloridas. Hoje, ela conta que existem marcas estrangeiras com 50 cores diferentes. A marca brasileira Magic Color acaba de lançar 22 opções, com a linha Unicolors. A situação é bem diferentes de quando ela e as amigas precisavam se virar com anilina e papel crepom.
Ela não se limitava às cores existentes, misturava, criava. Por volta dos 17 anos, ela lembra de uma nova marca que lançou 12 cores. “Achei o máximo, porque não se via aquilo na época. No fim das contas, a empresa sofreu um processo, porque descobriram que era anilina com creme”, diverte-se.
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