Neurônios em dia

O cacau protege o cérebro e ainda melhora seu funcionamento

Estudo mostra que o cérebro de jovens se recupera mais rápido de um desafio vascular e ainda tem um desempenho cognitivo melhor após o consumo de cacau rico em flavanols

Ricardo Teixeira
postado em 02/12/2020 14:16
 (crédito: Mateus Pereira/Divulgação)
(crédito: Mateus Pereira/Divulgação)

O cérebro de adultos jovens se recupera mais rápido de um desafio vascular e ainda tem um desempenho cognitivo melhor após o consumo de cacau rico em flavanols, substâncias encontradas em vários vegetais, especialmente nas frutas vermelhas, e que têm reconhecido papel protetor vascular. Essa é a conclusão de um estudo recém-publicado pelo periódico Scientific Reports.

Dezoito adultos jovens inalaram ar com altas concentrações de gás carbônico, que leva ao aumento do fluxo sanguíneo cerebral e oxigenação. Quando ingeriam cacau com altos teores de flavanols duas horas antes do teste, o aumento do fluxo sanguíneo era maior do que após a ingesta de cacau processado com baixos teores dessas substâncias. Além disso, o desempenho em testes cognitivos complexos foi superior com os flavanols, o que não fez diferença em testes cognitivos simples. Os níveis de máxima oxigenação cerebral durante o teste chegou a ser mais de três vezes maior após a ingesta do cacau rico em flavanols, quando comparado ao cacau com poucos flavanols. 

Quatro dos 18 voluntários não tiveram aumento de oxigenação e desempenho cognitivo, mas foram aqueles que já tinham um alto nível de oxigenação antes da testagem, sugerindo que tinham pouco a ganhar, pois já tinham uma condição fisiológica privilegiada.

Um chocolate escuro não é necessariamente rico em flavanols. O próprio processo industrial de alcalinização do chocolate usado para melhorar sua consistência, aparência e para reduzir o sabor amargo, além de escurecer o chocolate, joga pelo ralo os flavanols. E, como os fabricantes não especificam nos rótulos a concentração dessas preciosas substâncias, é difícil saber ao certo o que um chocolate amargo realmente pode nos oferecer.

Talvez nos próximos anos os fabricantes de chocolate comecem a registrar em seus rótulos a concentração de flavanols, em vez de simplesmente dizer se o chocolate tem 70%, 80% ou 90% de cacau.

*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e diretor clínico do Instituto do Cérebro de Brasília

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação