O cérebro de adultos jovens se recupera mais rápido de um desafio vascular e ainda tem um desempenho cognitivo melhor após o consumo de cacau rico em flavanols, substâncias encontradas em vários vegetais, especialmente nas frutas vermelhas, e que têm reconhecido papel protetor vascular. Essa é a conclusão de um estudo recém-publicado pelo periódico Scientific Reports.
Dezoito adultos jovens inalaram ar com altas concentrações de gás carbônico, que leva ao aumento do fluxo sanguíneo cerebral e oxigenação. Quando ingeriam cacau com altos teores de flavanols duas horas antes do teste, o aumento do fluxo sanguíneo era maior do que após a ingesta de cacau processado com baixos teores dessas substâncias. Além disso, o desempenho em testes cognitivos complexos foi superior com os flavanols, o que não fez diferença em testes cognitivos simples. Os níveis de máxima oxigenação cerebral durante o teste chegou a ser mais de três vezes maior após a ingesta do cacau rico em flavanols, quando comparado ao cacau com poucos flavanols.
Quatro dos 18 voluntários não tiveram aumento de oxigenação e desempenho cognitivo, mas foram aqueles que já tinham um alto nível de oxigenação antes da testagem, sugerindo que tinham pouco a ganhar, pois já tinham uma condição fisiológica privilegiada.
Um chocolate escuro não é necessariamente rico em flavanols. O próprio processo industrial de alcalinização do chocolate usado para melhorar sua consistência, aparência e para reduzir o sabor amargo, além de escurecer o chocolate, joga pelo ralo os flavanols. E, como os fabricantes não especificam nos rótulos a concentração dessas preciosas substâncias, é difícil saber ao certo o que um chocolate amargo realmente pode nos oferecer.
Talvez nos próximos anos os fabricantes de chocolate comecem a registrar em seus rótulos a concentração de flavanols, em vez de simplesmente dizer se o chocolate tem 70%, 80% ou 90% de cacau.
*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e diretor clínico do Instituto do Cérebro de Brasília
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