Mundo selvagem
O selvagem mundo corporativo de Succession e os hormônios à flor da pele dos médicos de Grey’s anatomy. Juntos, em diferentes doses, esses dois elementos ajudam a formatar Industry, atração da HBO que chega, hoje, ao quinto de oito episódios. O resultado é uma série intensa, irônica e sem medo de tocar em tabus do universo dos negócios.
Durante a primeira metade de Industry, acompanhamos Harper Stern (Myha’la Herrold), jovem de Nova York que começa como trainee de um banco de investimentos de Londres, onde também estão Yasmin (Marisa Abela), Robert (Harry Lawtey) e Gus (David Johnson).
Logo de cara, Industry deixa claro que o mundo corporativo é feroz. Ali, vale mais o resultado que a maneira usada para alcançá-lo. Os fins justificam os meios. Quaisquer meios. E essa é a primeira barreira para Harper.
Ela se incomoda ao observar tantos assédios morais na empresa e se espanta ao ver que muitos dos colegas acham que esse tratamento faz parte do jogo. As cifras conseguidas soam como compensação para muitos deles. Ao ponto de um amigo dela, a quem ela tinha se afeiçoado, morrer dentro da empresa, pois precisava mostrar interesse e não sabia impor limites. Até agora, Harper está caminhando para a felicidade do equilíbrio — e parece que a alcançará.
Juventude entregue
Industry é muito sobre limites. Os do ramo profissional — do quanto se dedicar, se entregar, de como se impor, se comportar, do quando parar — estão mais claros. Mas há outros. Com tanta droga e tanto álcool correndo nas veias, os corpos dos amigos de Harper certamente estão no limite. Uma hora a conta chega, mesmo eles sendo jovens, e a moça tem de entender isso da maneira mais dolorosa.
Há, também, os limites emocionais. Em frangalhos por tanto grito e tanto desrespeito impostos no banco, sobra pouco para se dedicar a si. Poucos ali parecem ter vida própria: o celular está sempre a postos para receber a chamada do chefe e a cama pode virar mesa do escritório para terminar um projeto a qualquer momento. Dessa forma, os relacionamentos deles são passageiros, calcados muito mais no prazer do sexo sem compromisso do que no assumir um namoro.
Espécie de Malhação depois da formatura, Industry pode ser um retrato de jovens que se entregam demais ao trabalho e esquecem da própria vida. Dura essa vida de adulto.
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