Pesquisadores da Universidade Wisconsin-Madison, nos EUA, nos brindaram com um superpresente neste fim de ano, uma revisão cuidadosa das dimensões da nossa mente que podem ser treinadas para alcançarmos um melhor equilíbrio psíquico no nosso dia a dia. Depois de nove meses nas incertezas geradas pela pandemia, isso se torna uma ferramenta extremamente útil para nosso bem-estar. Uma pesquisa recente nos EUA demonstrou que enquanto no início da pandemia 33% dos americanos se sentiam afetados psicologicamente, em julho os números já eram de 53%.
O primeiro aspecto a ser treinado é a consciência, atenção ao meio em que se vive, aos sentimentos, pensamentos e sensações. Exercícios de meditação e psicoterapia são ferramentas preciosas para melhorar esse nível de consciência. Um estudo conduzido em 83 países apontou que os adultos passam em média 47% do tempo em que estão acordados sem essa consciência, essa atenção, como se estivessem no piloto automático. E, acreditem, ao exercitar a consciência, temos mudanças críticas em circuitos neuronais que facilitam nossa vida.
O segundo exercício é o de conexão, que pode ser chamada também de valorização do outro, bondade e compaixão. É um senso de cuidado aos outros do nosso círculo social — e também fora desse círculo — com ações humanísticas, altruístas.
O terceiro exercício é para fortalecer nosso insight, ou seja, nosso discernimento, entender a maneira como nossas emoções, pensamentos e crenças afetam nossa experiência subjetiva. Ao nos encontrarmos ansiosos numa dada situação, o insight nos permite reconhecer como as memórias de experiências anteriores colaboram para uma expectativa exagerada de resultados negativos. Psicoterapia e algumas formas de meditação podem fazer nosso insight florescer.
E, enfim, o quarto exercício é o de encontrar nosso propósito de vida. É deixar claro quais são nossos valores e objetivos na vida. Estudos mostram que valores e objetivos orientados ao poder e dinheiro têm menores resultados no bem-estar psíquico quando comparados a uma missão de vida voltada às conexões sociais e a contribuições à comunidade. Existem alguns tipos de psicoterapia voltadas ao treinamento de nossa mente para se manter fiel à nossa missão. O psiquiatra austríaco e sobrevivente do Holocausto Viktor Frankl disse: “A vida não deixa de ser suportável por conta das circunstâncias, mas quando ela deixa de fazer sentido”.
Esse treino pode e deve ser diário e promete fazer com que passemos a ser pilotos da nossa mente.
*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e Diretor Clínico do Instituto do Cérebro de Brasília
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