Neurônios em dia

A trilha musical pode influenciar a degustação de sua ceia de ano-novo

A influência de uma experiência sensorial sobre outra é uma interessante linha de pesquisa da Universidade de Oxford, na Inglaterra, liderada pelo psicólogo Charles Spence

Ricardo Teixeira
postado em 27/12/2020 19:02 / atualizado em 27/12/2020 19:03
 (crédito:  Valdo Virgo/CB/D.A Press)
(crédito: Valdo Virgo/CB/D.A Press)

E não é que o som ambiente pode mudar o sabor da sua ceia? Se a ceia tiver muitas comidinhas doces ou azedas, ela ficará mais saborosa se a música tiver tons mais agudos. A torta de limão terá mais presença ao som de violinos de Vivaldi. Se na ceia predominar gostos amargos ou unamis (veja abaixo), música com tons graves realçará os sabores. O café, sem dúvida, será muito bem acompanhado por uma ária com Plácido Domingo. Essa influência de uma experiência sensorial sobre outra é uma interessante linha de pesquisa da Universidade de Oxford, na Inglaterra, liderada pelo psicólogo Charles Spence.

O laboratório de Spence testou também diferentes músicas para diferentes vinhos. O mesmo vinho é considerado mais encorpado ao som de Carmina Burana, de Carl Orff, quando comparado ao som de uma cantora pop como Fernanda Takkai.

Spence tem levado suas experiências para o mundo real. Ele criou uma playlist para a British Airways direcionada ao cardápio dos voos e dá seus pitacos em restaurantes sofisticados. Defende também a ideia de que uma pasta fica mais autêntica se tiver uma música italiana ao fundo, cítaras para comida indiana, e por aí vai.

Unami é reconhecido como um quinto tipo de sabor, lado a lado com doce, azedo, amargo e ácido. Unami é uma palavra de origem japonesa e significa delicioso, saboroso. Alimentos ricos em glutamato, como as algas marinhas, cogumelos shitaki e crustáceos, são exemplos do sabor unami. Na verdade, o sabor nem é tão divino, mas ele torna agradável à palatabilidade de um grande número de alimentos. É a delícia do queijo parmesão por cima do molho bolonhesa.

* Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e Diretor Clínico do Instituto do Cérebro de Brasília

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