Saiba os cuidados que se deve tomar antes para viajar com os pets

Você sabe quais cuidados tomar para não pôr a saúde do seu bichinho em risco? Lugares muito quentes ou muito frios exigem atenção redobrada

Maria Carolina Brito*
postado em 03/01/2021 17:00
 (crédito: Arquivo pessoal)
(crédito: Arquivo pessoal)

 

O verão chegou e, com ele, os planos para passar o tempo livre com quem amamos: parentes, amigos e o pet, que também faz parte da família. Mas você sabe quais cuidados tomar para não pôr a saúde do seu bichinho em risco? Lugares muito quentes, assim como muito frios, exigem cuidado redobrado.

A médica veterinária Larissa Rodrigues explica que, para a realização de viagens nacionais, o animal necessita de um atestado de saúde emitido pelo veterinário, com validade de 10 dias. “Além disso, precisa estar com a vacina antirrábica aplicada 30 dias antes da data de embarque.” Se o plano for viajar para fora do Brasil, é necessário verificar quais são as regras do país de destino. Larissa explica que, em alguns países, é exigida sorologia para raiva, por exemplo.

É importante prestar atenção nas mudanças climáticas durante e após o deslocamento. “Ao viajar para locais muito quentes, o pet deve ter água fresca à vontade, os passeios devem ser feitos até as 10h ou após as 17h para que não haja o risco de queimaduras no asfalto quente. E cães que possuem pelagem clara e pele branca devem fazer uso de protetores solares.” Uma alternativa de alimentação para refrescar os dias de calor são os picolés feitos de alimentos úmidos ou frutas.

“Os cuidados básicos são os mesmos para cães e gatos, porém os felinos possuem um mundo olfativo e são muito mais sensíveis a mudanças e estímulos externos. Para eles, há alguns produtos, análogos sintéticos do odor facial felino, que são excelentes aliados na adaptação a situações estressantes”, diz Larissa. Tanto cães quanto gatos precisam se adaptar à caixa de transporte para evitar muita agitação durante a viagem. “Na consulta com o médico veterinário, o profissional avaliará a necessidade do uso de algum medicamento antes da viagem.”

Indo de avião

Para as famílias que forem viajar de avião, é necessário se organizar bem antes, como explica a médica veterinária Bianca Lorenzetti. “Para evitar transtornos, consulte a autoridade sanitária do local de origem e/ou consulado do país para qual irá e que fará conexão para saber quais são os protocolos/documentos para o seu bebê poder viajar.”

Ela conta que os pets podem ir na cabine ou no bagageiro do avião, isso varia de acordo com as normas e os valores de cada empresa. “Deixar seu pet viajar no bagageiro de cargas é uma escolha que deve ser bastante analisada. Como médica, já atendi muitas emergências gravíssimas: derrames cerebrais, cegueira, convulsões, pacientes com hipotermia gravíssima, entre outros casos.” Antes de optar por esse tipo de transporte, é interessante fazer um checape no pet, mas Bianca destaca que, mesmo assim, os riscos existirão.

Cães e gatos braquicefálicos, popularmente conhecidos como “focinho achatado”, não podem viajar no bagageiro do avião da maior parte das companhias aéreas. Isso devido à propensão a problemas respiratórios que esse tipo de anatomia pode provocar. Raças consideradas agressivas também são barradas.

Cuidados no calor

O calor excessivo pode causar duas complicações graves que podem levar à morte: desidratação e hipertermia. “Pacientes com queimaduras gravíssimas nas patas, infelizmente, são presença constante na minha rotina como médica, e isso pode ser evitado”, diz Bianca.

A hipertermia é o aumento da temperatura corporal. Os animais podem apresentar sinais como: respiração ofegante; agitação; salivação excessiva, espessa e pegajosa; aumento da frequência cardíaca; coloração da língua, gengiva e mucosa ocular muito avermelhada ou muito clara; fraqueza e tontura. Se esses sintomas não forem identificados imediatamente, o cão pode ter convulsões, parada cardíaca e até ir a óbito.

“Uma dica valiosa: sinta a temperatura dos coxins (almofadinhas dos pés e mãos), das orelhas, ao redor do nariz e do abdômen. Caso ache que estão muito quentes, preste socorro médico com urgência.” Os felinos também pedem cuidados com calor excessivo. Para ajudá-los a manter a hidratação adequada, Bianca indica oferecer fontes de água corrente e abrigo do sol. Mais uma vez, os animais braquicefálicos precisam de cuidado redobrado. Eles sofrem tanto no calor quanto no frio intenso.

O buldogue francês Billy, 3 anos, sofria muito com a variação climática, como explica a sua tutora, Fabiana Menezes Pereira da Silva. “Todos os problemas eram em torno da respiração. Sempre ficava com medo que ele pegasse resfriado, por conta do frio, e tivesse mais dificuldade ainda de respirar. No calor, quase nunca o levava para passear, para não ficar mais cansado. E ele sempre roncava muito, independentemente se estivesse calor ou frio.”

O buldogue precisou passar por uma cirurgia para corrigir a respiração. “Constantemente, eu acordava desesperada, na madrugada, com ele paralisado e fazendo força para respirar. Essa era a hora que eu tinha mais medo de perdê-lo. Eu o privava de muitas coisas, então achei que seria válido tentar dar mais qualidade de vida para ele com a cirurgia.”

A raça buldogue francês é braquicefálica e, de acordo com Bianca, para eles, as cirurgias de rinoplastia e palatoplastia são essenciais. “É sabido que os animais braquicefálicos que passaram pelas duas cirurgias correm risco muito menor de óbito, se comparados àqueles que não fizeram os procedimentos. Os tutores relatam que, em viagens anteriores, os pets sofreram muito (mesmo dentro da cabine do avião) e, após as cirurgias, a angústia/dificuldade respiratória foi quase imperceptível ou nula.”

Fabiana percebeu imediatamente a mudança nos hábitos de Billy. “Acabaram os colapsos por falta de ar nas madrugadas, que eram o que mais me preocupava. Além disso, ele está mais disposto para passeios e brincadeiras. Ele também parou de roncar.”

Praia e água salgada

De acordo com Bianca, visitar o médico veterinário antes de ir à praia é fundamental. “Além de atestar a saúde do animal, ele fará a prevenção contra parasitas comuns nas praias. Um deles se aloja no coração. Nesse caso, a vermifugação correta pode proteger seu pet de uma morte por complicações cardíacas”, detalha.

Além disso, nesses checapes, a médica veterinária costuma orientar os tutores sobre os riscos da água salgada, como evitar afogamentos, intoxicações e envenenamentos. E também explica sobre o uso do protetor solar, os cuidados com os olhos do pet, entre outros.

O que levar

A veterinária Larissa Rodrigues listou alguns itens essenciais na bagagem do pet, para garantir o conforto e segurança durante as férias. Confira:

  • Atestado de saúde emitido pelo médico veterinário
  • Carteira de vacinação
  • Vasilhas de água e comida
  • O alimento que o gato ou cachorro costuma consumir (ração ou marmitas, caso seja fornecida alimentação natural)
  • Cama e cobertor
  • Tapetes higiênicos para cães ou caixas de areias para gatos
  • Coleira e guia para passeios
  • Produtos de higiene para os banhos

Cães de assistência


Você sabia que os cães podem acompanhar seus tutores dentro do avião, mesmo sendo de porte maior do que o estipulado pelas companhias aéreas? Isso é permitido quando os tutores estiverem em tratamento para depressão, ansiedade, síndrome do pânico e pânico de voar, por exemplo. “Para ter esse tipo de auxílio, é necessário um atestado ou uma carta de um profissional da área de saúde mental dizendo que você realmente precisa viajar com o seu pet de assistência emocional. Lembrando que cada companhia aérea tem suas regras, pesquise com antecedência”, completa Bianca Lorenzetti.

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

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