Fitness & nutrição

Desde que seguidos os protocolos, natação é uma atividade segura

O isolamento fez muita gente interromper a prática de atividades físicas. Mas alguns esportes, como a natação, podem ser uma boa forma de cuidar do corpo e da mente

Maria Carolina Brito*
postado em 07/02/2021 08:00 / atualizado em 08/02/2021 15:51
Para infectologista, o cloro, na dosagem certa, é capaz de matar o vírus, mas é preciso estar atento a outros fatores
 -  (crédito: Duarte Paulini/Divulgação)
Para infectologista, o cloro, na dosagem certa, é capaz de matar o vírus, mas é preciso estar atento a outros fatores - (crédito: Duarte Paulini/Divulgação)

Diante da pandemia da covid-19 e das medidas de isolamento social, praticar exercícios físicos tem sido um desafio. Após meses de isolamento e flexibilização de algumas atividades, alguns espaços foram abertos, como as piscinas. Mas é preciso seguir um rígido protocolo de segurança para garantir a segurança de alunos e professores.

No parque aquático AquaFan, as aulas de natação retornaram com protocolos baseados nas recomendações da Associação Brasileira de Academias (Acad) e do Sindicato das Academias do DF (Sindac). Entre as medidas adotadas estão: redução da capacidade de alunos, distanciamento de dois metros na piscina, alternância das direções do nado, não compartilhamento de materiais, higienização dos acessórios pré e pós-uso e utilização de máscaras de acrílico pelos professores. Além disso, duas vezes ao dia, todos os ambientes da academia passam por nebulização com quaternário de amônio, mesma substância utilizada para desinfecção de hospitais.

Para garantir a segurança dentro e fora da água, o espaço também passou por reformas. “Construímos um portão exclusivo para a saída de alunos, para evitar o contato entre eles na entrada da academia. Outro diferencial é o pé direito elevado nas áreas das piscinas, o que garante maior circulação do ar”, explica Renato Dourado Lacerda, um dos sócios-proprietários da AquaFan.

Ele destaca um estudo realizado pelo Conselho Superior de Pesquisas Científicas da Espanha, divulgado em 2020. A pesquisa afirma que não há evidências do contágio dentro das piscinas desde que a concentração do cloro seja igual ou menor que 0,5mg/l e o Ph menor que 8,0. Dessa forma, as soluções utilizadas nas piscinas são suficientes para exterminar o novo coronavírus e, também, outros tipos de vírus e bactérias. O profissional explica que a natação é uma prática esportiva que trabalha o corpo todo. “Além de fortalecer a musculatura das costas, dos ombros e do peitoral, deixa os sistemas respiratório e cardiovascular mais fortes, protegendo o corpo contra diversas doenças, inclusive a covid-19.”

A hidroginástica, esporte que combina exercícios aeróbicos com a natação, é outra alternativa de atividade para ser praticada em piscinas. Muito apreciada por pessoas mais velhas, assim como a natação, fortalece a musculatura das costas e o sistema cardiorrespiratório. “A hidroginástica tem um menor impacto nas articulações e tem a favor a questão da interação entre as pessoas”, diz Renato.

A natação é uma atividade que contempla desde um bebê com 4 meses de vida até uma pessoa com mais de 90 anos de idade. A dica que Renato dá para quem quer começar a nadar é buscar apoio profissional. “Procure uma escola de natação com professores formados, com piscinas aquecidas. Isso facilitará a aprendizagem, por não ter o problema de sentir frio e ficar mais tenso no momento dos exercícios. Para as crianças, é aconselhável uma escola com boa metodologia de ensino e bom tratamento de água.”

Treino olímpico

O nadador brasiliense Glauber Silva começou a nadar muito novo por causa da bronquite. A natação é indicada para as pessoas que têm bronquite ou asma, pois melhora a circulação nos pulmões. Ainda na infância, Glauber entrou para a seleção brasileira e não parou mais. “Aos 14 anos, depois de nadar meu primeiro sul-americano, em Medelin, tive certeza que era o que queria para meu futuro.”

Glauber conta que a família toda ama água, desde a natação ao surfe. Além de ajudá-lo a aliviar os sintomas da bronquite, a natação o proporcionou fortalecimento emocional. “Não se cobrar por resultado, e aproveitar ao máximo as etapas. São elas que nos fortalecem, porque não é uma carreira fácil”, diz.

Diante da pandemia, Glauber e sua equipe tiveram que repensar os planos. “Foi um momento bem complicado, pois já estávamos no final da preparação para as seletivas olímpicas. E a pandemia veio dando um banho de água gelada no que ia acontecer.” Por questão de segurança, o nadador tem treinado apenas em piscina aberta e em horários inversos aos de outros atletas. “O clube também tem tomado cuidados, como manter a água da piscina limpa para nossos treinos diários.” A curto prazo, o nadador pretende participar das Olimpíadas de Tóquio. Futuramente, o objetivo é ajudar outros atletas em suas carreiras, por meio do marketing esportivo.

Três perguntas para

Victor Bertollo, médico infectologista do Hospital Anchieta de Brasília

O vírus da covid-19 resiste ou não à água de piscina?
A água da piscina, quando devidamente tratada, precisa ter entre um e três partes por milhão de cloro. Para inativação do novo coronavírus, você precisa de concentrações acima de 0,5 partes por milhão. Ou seja, a princípio, se a piscina está com tratamento adequado, seguindo as recomendações da concentração de cloro, essa água é capaz de inativar o novo coronavírus. Dessa forma, o risco de transmissão pela água da piscina se torna muito baixo. Então, o risco maior de transmissão de pessoas que estão fazendo natação, não estará relacionado à água em si, mas a todo o resto do ambiente.

Há risco de contaminação pela água?
Quando a gente faz exercício físico, é normal que nossa respiração fique mais ofegante, mais exacerbada, mais forte, e isso pode eliminar uma quantidade maior de vírus no ar. A natação é uma atividade física aeróbica, então é natural que as pessoas acabem respirando dessa maneira e tenham um fluxo maior de ar na respiração, isso aumenta o espalhamento de vírus. Se a piscina for em um local fechado, com vários nadadores naquele ambiente, isso pode, sim, causar uma concentração de vírus no ambiente externo, que favoreça a transmissão.

Quais medidas de segurança os nadadores devem tomar durante este período da pandemia?
É muito importante que as piscinas sejam locais abertos e bem ventilados. A maior preocupação está relacionada àquelas em locais fechados, sem ventilação adequada. Se os nadadores mantiverem uma distância mínima entre eles, de um a dois metros, a priori, o risco é baixo. Agora, uma piscina cheia de gente, dentro de uma sala fechada, não ventilada, aumenta bastante o risco de transmissão. Os cuidados são: ir apenas a locais que façam higienização adequada das piscinas e que sejam arejados, amplos e sem grande quantidade de pessoas. Outro cuidado que precisa ter é no vestiário. Se você coloca a máscara com o rosto molhado, ela perde muita a eficácia. Então, tente se secar e evite fazer a troca de roupa dentro do vestiário, que pode ser um local de aglomeração e, no geral, não muito bem ventilado. Dê preferência para fazer a troca de roupa em casa e, se precisar ir ao vestiário, é importante secar o rosto e colocar a máscara antes de entrar.

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

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