Você já ouviu falar em carbofobia? A palavra é utilizada para designar o medo excessivo e, até irracional, de consumir carboidratos. O sucesso das dietas de internet e da “blogueiragem” fitness é um dos fatores que contribuiu para o surgimento de várias lendas nutricionais, incluindo a dos carboidratos como os grandes vilões do emagrecimento, o que aterroriza muitos desavisados por aí.
A nutricionista Fernanda Larralde, no entanto, alerta: “via de regra, ninguém precisa excluir carboidrato. Ainda que o objetivo seja emagrecimento, é superimportante a presença dele nas refeições. Estudos mostraram que o consumo de arroz e feijão durante o almoço ajuda muito na moderação do apetite no restante do dia. Inclusive as pessoas que comeram arroz e feijão emagreceram mais do que as que não comeram. Isso aconteceu porque elas se sentiram mais saciadas e felizes, por estarem comendo alimentos de que gostavam”, explica a profissional.
Segundo Fernanda, ao pensar em emagrecimento, a presença dos carboidratos é necessária para queimar gordura dentro das células. Além disso, o nosso cérebro é dependente da glicose para funcionar bem e, se não há glicose, graças ao não consumo de carboidratos, ele dá um jeitinho de produzir com outros nutrientes, tirando proteína dos músculos, por exemplo. Isso pode diminuir a massa muscular, o que não é nada interessante para quem busca hipertrofia ou melhora no desempenho de atividades físicas.
“Na nutrição, quase tudo é relativo. Somos muito mais do que uma boca, um estômago e um intestino. Temos desejos, vontades, preferências, alegrias e tristezas, e tudo isso também faz parte da nossa alimentação”, reforça a nutricionista.
Para a advogada Juliane Mieko, 23 anos, a carbofobia foi consequência das sucessivas pressões sociais que sofria por conta do peso. “Eu sempre fui uma pessoa acima do peso, desde criança. Na adolescência, não foi diferente. E foi nessa época que eu comecei a conhecer o mundo das dietas milagrosas e a vontade de perder os 10kg em 10 dias”, relata. “Acredito que foi assim que comecei a sentir medo de comer carboidratos”.
A jovem lembra que, na internet, todos os sites que visitava elegiam o carboidrato como o grande vilão das dietas. Assim, um simples arroz ou um pãozinho já causavam nela um grande pavor de engordar. “Comecei a perder um pouco o medo quando senti interesse em estudar sobre a importância de cada alimento, mas ainda lido com esse problema”, desabafa.
A nutricionista Fernanda Larralde explica que os carboidratos são divididos em duas categorias: simples (pobres em fibras e com mais rápida absorção) e complexos (ricos em vitaminas, minerais e fibras, que promovem mais saciedade). Apesar de serem pobres em fibras, alguns carboidratos simples podem ter aplicabilidade, a depender do objetivo e do momento em questão (veja quadro).
O perigo das redes
Apesar de ser possível encontrar muitos conteúdos positivos e relevantes na internet, também é comum se deparar com postagens de fontes bastante duvidáveis, que pregam certos tipos de dietas como verdades absolutas, sem levar em consideração a individualidade de cada pessoa. A nutricionista Jéssica Conde Matos Batista alerta que é preciso estar atento a esse tipo de armadilha.
“Rede social é um campo minado, informação atrás de informação e, em sua maioria, sem embasamento algum. É o espaço onde empresas e pessoas vendem produtos e trabalhos a qualquer custo. É onde reinam as dietas da moda, aquelas nas quais existem níveis altíssimos de restrição e resultados aparentemente muito chamativos, porém com pouquíssima adesão a longo prazo”, explica.
De acordo com a profissional, os carboidratos são fonte primária de energia e alguns dos efeitos colaterais da falta desse macronutriente incluem falta de disposição, dores de cabeça e mau humor. “É importante ressaltar a importância da qualidade do carboidrato que vai ser consumido, reduzir o consumo dos refinados, como farinhas brancas e açúcares, e dar preferência aos complexos, como vegetais, tubérculos, cereais integrais e leguminosas. Dessa forma, fornecemos energia de forma gradativa ao corpo”, completa Jéssica.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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