Casa

Como montar um cantinho instagramável no lar

Transforme espaços do lar em ambientes fotogênicos. Especialistas compartilham dicas para deixar sua casa pronta para cliques

Uma poltrona bonita e a iluminação adequada já transforma o espaço em fotogênico. Projeto de Renata Cortopassi
 -  (crédito: Arquivo pessoal)
Uma poltrona bonita e a iluminação adequada já transforma o espaço em fotogênico. Projeto de Renata Cortopassi - (crédito: Arquivo pessoal)
postado em 16/05/2021 08:00 / atualizado em 10/10/2023 15:12

Em tempos digitais, é comum e até esperado que as experiências no mundo real sejam registradas em imagens. Para o universo das redes sociais, cada momento é digno de cliques e likes, o que faz com que o ambiente ao redor necessite ser visualmente agradável e fotogênico. Voltada para a busca desse apelo estético, surgiu o conceito de decoração instagramável. “Um grande exemplo de arquitetura instagramável é a Disney, por conta desses elementos inseridos no espaço. É uma decoração que sai do padrão, gera um choque de realidade”, exemplifica a arquiteta Renata Cortopassi, do Studio que leva o nome dela.

Contudo, um ambiente instagramável não pode ser confundido com uma caixa cênica. “Existe uma grande confusão entre os dois conceitos. A caixa cênica é quando você faz um espaço que serve unicamente para ser fotografado, isto é, um cômodo pequeno, cheio de cenografia, normalmente com uma logo promovendo um produto. Já o espaço instagramável tem outras funções além da fotografia. Ele também precisa ser funcional”, diferencia a arquiteta.

Ela destaca que o ambiente instagramável não é tão compatível com os residenciais, em razão do excesso de detalhes. Apesar disso, Renata acredita que é possível pegar emprestado ideias da vertente de decoração para tornar os ambientes da casa mais fotogênicos, mas tomando cuidado com a harmonia entre os elementos. “É importante ter cuidado com a iluminação e com o excesso de informação. Em casa, tem que ser um espaço agradável, que não seja estressante”, alerta.

Cenário pandêmico

Sem a possibilidade de explorar o mundo exterior, a casa se tornou o único cenário possível de fotos, o que culminou em uma demanda maior por cantinhos instagramáveis dentro do lar. Segundo Renata, o confinamento fez com que as pessoas passassem a se importar mais com a imagem. “Em casa, você pode ter um home office instagramável, isto é, um espaço onde você faz chamadas de vídeo, e esse fundo que é projetado é compatível com a imagem que você quer passar.”

Ela acrescenta que a partir do momento em que o ambiente passou a ser visto por outras pessoas, detalhes que antes passavam despercebidos começaram a incomodar mais. “Senti um aumento da procura de pessoas que queriam mudar os ambientes pessoais, como escritórios e quartos. Nos quartos, você normalmente tem uma liberdade maior para decorar, por ser um espaço pessoal. Já a parte de área comum da casa é um pouco mais difícil.”

A designer de interiores Marina Fontes, do Escritório Hibisco Arquitetura, também notou um crescimento do interesse por espaços fotogênicos na pandemia. “Acho que a decoração instagramável começou a ficar mais acentuada na pandemia, por conta das lives e da necessidade de fazer esses espaços que sirvam como cenários. Algumas pessoas pediram que eu fizesse projetos nesse sentido, queriam um espaço bonitinho atrás delas para aparecer nas reuniões”, conta.

Do belo ao útil

Para Marina, o ambiente dentro de casa precisa ser não apenas bonito e organizado, mas, também, projetado para ser usufruído. Ao se pensar em um espaço fotogênico, a designer aconselha que se abuse dos elementos verdes. “Em qualquer cantinho que você coloca uma planta, seja dentro de um vaso, seja plantada na terra, já dá uma diferença muito grande. Ela trará não só beleza como também deixará o ambiente mais vivo e alegre”.

Entusiasta de cores, a designer acredita que opções não faltam quando se trata de pintar paredes: “Há várias opções, você pode fazer um desenho, pintar só a metade da parede, criar um formato específico. Todas funcionam muito bem e mudam totalmente a atmosfera do espaço”.

A iluminação é outra preocupação que se deve ter ao projetar um espaço instagramável. “Minha primeira dica para esses ambientes, quando a pessoa não quer mexer com pontos de luz e colocar luminárias, é trocar a lâmpada. Nos espaços que são mais de aconchego, é ideal que se ponha uma lâmpada amarela ou neutra, em vez de branca. É interessante criar pontos de luz. Eu adoro colocar um abajur ou uma luminária de teto, pois permite a criação de outra cena de luz”, indica Marina.

Como elementos complementares ao cenário, ela recomenda uma cadeira, uma poltrona ou um banquinho, por ser bem versátil e poder servir tanto de apoio quanto assento. Se o cenário da foto estiver em uma varanda ou quintal, ela aposta na cadeira dobrável de praia. “É um elemento superversátil e confortável. Além de fácil de encontrar, fica lindo, nem precisar colocar mais nada. Estando com uma cadeirinha legal de praia e com fundo temático de verão já fica bem legal.”

Tendências

Quem também ressalta a importância da iluminação para a construção de um espaço fotogênico é a arquiteta Renata Cortopassi. Há dois tipos de iluminação: a focal e a de frente. “Se eu tenho uma parede 3D ou uma obra de arte, eu vou iluminar evidenciando as sombras para perceber bem o volume. Porém, se essa luz estiver em cima de uma pessoa, evidenciará rugas e celulite. Nesse caso, ela vai precisar de uma iluminação de frente para que o rosto fique completamente iluminado e sem sombra, e não dê para perceber detalhes. Para ter esse efeito, usamos luzes difusas ou um tipo de luminária chamada perfil de LED, bem mais fininho, elegante, minimalista e que dá o mesmo efeito de luz geral”, orienta.

Para enfeitar as paredes, Renata indica painéis com papel de parede e molduras de boiserier. “A tendência do design de interiores é cobrir todas as paredes e o teto. Se tem um fundo branco atrás, fica sem graça, parece que não foi planejado, pensado. Uma coisa que pode ficar bem legal é o boisier, que são aquelas molduras clássicas. Além de ficar bem bonito, dá um efeito diferente.”

Outra tendência remete ao aconchego, por meio da utilização de tecidos confortáveis e elementos naturais para compor os ambientes. “O aconchego está em alta. Móveis e almofadas com tecidos gostosos, como veludo, tricô e crochê, além de elementos naturais, como madeira, pedras rústicas e tons terrosos, de menta e off white são combinações que dificilmente desagradam alguém.”

O que também virou febre nas redes são os balanços. “Balanços também são muito instagramáveis e estão entrando agora dentro de casa. Tem um monte de modelos muito legais e dá para fazer um canto não só na varanda, mas dentro da sala de estar, no quarto”, completa.

Balanço de frente para o cerrado

Com a intenção de atrair turistas para a região do Lago Oeste, localizada a apenas 20km do final da Asa Norte, o empresário Marcus Heusi, com outros profissionais, decidiu criar o Balancéu, novo local instagramável da capital. “A ideia surgiu de uma postagem que vimos de um balanço gigante em um resort na República Dominicana. Não temos dúvida de que o Balancéu atrairá bastante gente que, consequentemente, poderá conhecer as magias do Lago Oeste com sua grande diversidade de produtos e serviços, e natureza pujante”, diz o empresário, que também é proprietário da Chácara Recanto de Maria Flor, onde o balanço está situado.

Na visão de Marcus, o spot instagramável, que conta com uma exuberante vista para o cerrado brasiliense, promete render muitos cliques nas redes sociais pelos visitantes. “Nessa era digital, as pessoas estão cada vez mais em busca de fotos instagramáveis e o Balancéu veio para ser um dos points mais favoráveis para fotos e vídeos especiais, tendo como cenário e pano de fundo a exuberância da Chapada da Contagem.”

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

 

  • Investir em paredes coloridas é uma boa pedida. Projeto da designer de interiores Marina Fontes, do Escritório Hibisco Arquitetura
    Investir em paredes coloridas é uma boa pedida. Projeto da designer de interiores Marina Fontes, do Escritório Hibisco Arquitetura Foto: Arquivo pessoal
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