Fitness & nutrição

Por dentro do abdominal hipopressivo

A técnica se popularizou nas redes sociais e tem atraído muitas mulheres com a promessa de barriga negativa. Especialistas explicam os cuidados e os mitos sobre a prática

Amanda Silva*
postado em 16/05/2021 08:00
Amanda Biano aderiu à prática durante a pandemia e garante já sentir os efeitos
 -  (crédito: Arquivo pessoal)
Amanda Biano aderiu à prática durante a pandemia e garante já sentir os efeitos - (crédito: Arquivo pessoal)

Conjunto de técnicas que ativa os músculos abdominais e do assoalho pélvico, como bexiga, útero, reto e intestino, o abdominal hipopressivo surgiu a partir de uma postura de ioga, desenvolvido pelo fisioterapeuta belga Marcel Caufriez. Com a propagação da técnica nas mídias sociais, muitos se tornaram adeptos. Porém, existem cuidados que precisam ser tomados.

Ítallo Fernandes, profissional de educação física formado pelo Unieuro, explica que o abdominal hipopressivo atua com contrações isométricas dos músculos abdominais. Ou seja, o músculo desenvolve tensão, mas não existe alteração em seu comprimento externo.

Segundo o professor, a técnica começou a ser adotada nas décadas de 1970 e 1980 por atletas do fisiculturismo e de artes marciais. O diferencial do abdominal hipopressivo, em comparação aos convencionais, é que ele pode auxiliar na redução do contorno da cintura, tonificar e fortalecer a região abdominal sem estressar a coluna. “Com o padrão de beleza imposto pela sociedade, essa técnica tem sido cada vez mais adotada, principalmente pelas mulheres, para redução de medidas na região abdominal.”

Como funciona

Famosos, como Thais Fersoza, costumam compartilhar a prática do abdominal hipopressivo nas redes sociais: no caso da atriz, a técnica ajudou a combater a diástase pós-parto
Famosos, como Thais Fersoza, costumam compartilhar a prática do abdominal hipopressivo nas redes sociais: no caso da atriz, a técnica ajudou a combater a diástase pós-parto (foto: Thais Fersoza/Reprodução do Instagram)

Ricardo Costa, especialista em treinamento de força pela Universidade de Brasília (UnB), conta que a técnica funciona da seguinte forma: são utilizadas a contração muscular e a inspiração e a expiração, que são variadas de acordo com o objetivo individual.

De acordo com Ítallo Fernandes, o exercício é iniciado inspirando o ar normalmente e soltando completamente até o abdômen contrair e ficar com o formato de barriga encolhida. “É recomendado iniciar segurando essa contração durante 10 a 20 segundos, até sua resistência aumentar. Posteriormente, você pode ir aumentando o tempo aos poucos. Após essa ação da contração abdominal, volte a respirar normalmente”, ensina.

Além do cuidado com a respiração, o profissional destaca que é aconselhável iniciar a prática deitado e depois variar nas posições sentado, em pé inclinando para a frente e com quatro apoios. Assim como todo exercício físico, não é aconselhável praticar essa técnica logo após as refeições.

Assim como o abdominal tradicional, o profissional destaca que o hipopressivo fortalece os músculos do abdômen, o que resulta na melhora da postura. Além disso, é usado como alternativa terapêutica nas alterações posturais, aliviando dores nas costas, evitando a formação de hérnias e no tratamento da diástase abdominal — comum após o parto. A técnica também,tem sido muito utilizada no tratamento de incontinência urinária, fecal e fortalecimento perineal pós-gestação.

Ricardo Costa alerta, porém, que é preciso tomar cuidado com as promessas de que a prática queima a gordura abdominal. “Exercícios abdominais fortalecem a região, mas não há queima de gordura localizada. O emagrecimento envolve diversos fatores, como ingestão e gasto calórico diários”, ressalta o profissional.

O abdominal hipopressivo, sozinho, não é eficaz na redução de percentual de gordura, pois ele é específico para fortalecer e reduzir a circunferência abdominal. Por isso, os profissionais destacam que, para quem busca emagrecimento, é importante seguir um conjunto de cuidados: a técnica do abdominal hipopressivo, uma rotina de exercícios e uma alimentação adequada.

Assim como qualquer programa de treinamento, é importante procurar um profissional para orientar a prática. O exercício sem técnica pode causar lesões. “Também é importante você alinhar este tipo de exercício ao seu plano de treino. Só ele não vai fazer milagre”, adverte Ricardo.

O profissional explica que as gestantes precisam de uma liberação médica, assim como hipertensos, cardiopatas, pessoas com doenças pulmonares e com inflamações abdominais graves. Também é recomendado evitar a ginástica hipopressiva após muito tempo de jejum, por causa do esforço da prática. “Além disso, deve-se esperar ao menos uma hora após a refeição, para dar tempo de fazer a digestão.

Um hábito

Amanda Biano, 21 anos, estudante de saúde coletiva, começou a praticar abdominal hipopressivo no início de 2020. “Durante a pandemia, adotei esse hábito e passei a fazer diariamente.” A primeira vez que viu a técnica foi pelas redes sociais, mas conta que não deu muita atenção. Após um tempo, pesquisou mais a fundo e conversou com profissionais da área. A partir disso, começou a aprender. “No começo, foi bem difícil. Não conseguia encaixar bem o movimento do abdômen. Porém, com o tempo e o treino diário, foi melhorando”, afirma.

A estudante garante que tem notado uma melhora na postura e no fortalecimento da lombar até mesmo durante os treinos de musculação. Além disso, percebeu uma diferença na cintura. “Ela está com o aspecto de cintura mais fina, modelada”, acrescenta.

Amanda normalmente pratica a técnica no abdominal hipopressivo por cinco minutos, ao acordar, ainda em jejum. “Procuro sempre respirar profundamente antes de começar, me concentrar para poder executar da melhor forma possível”, conta. Para quem quer começar a prática, a jovem recomenda: “Assista a vídeos didáticos e sempre lembre que, no começo, não é fácil segurar por muito tempo a execução. Mas, com a prática, tenho certeza de que ficará muito mais tranquilo.”

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte


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